Padrões de distribuição e abundância de gastrópodes límnicos no município de Acaraú, Ceará: avaliando aspectos da Teoria da Biogeografia de Ilhas

Autores

  • Marcos Roberto Santos IFCE
  • Rafaela Camargo Maia IFCE

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7925.2018v31n4p35

Resumo

Na Teoria da Biogeografia de Ilhas, a relação espécies-área e o isolamento espacial podem influenciar na distribuição de espécies nos habitat. Nesse contexto, ecossistemas lênticos são utilizados para fornecer informações sobre mecanismos locais de diversidade de organismos, entre eles, moluscos. O presente estudo avaliou os aspectos ecológicos e biogeográficos de moluscos límnicos verificando a influência do tamanho e distância dos corpos hídricos na distribuição das espécies. A amostragem foi realizada em lagoas, classificada por perímetro com diferentes distâncias entre elas, em Acaraú, Ceará. Foram capturados 2.067 gastrópodes, distribuídos em seis famílias, seis gêneros e nove espécies. Foram coletados os planorbídeos Biomphalaria glabrata e Drepanotrema cimex, que ainda não haviam sido registrados para o Ceará. Não foram observadas diferenças significativas na riqueza, abundância e diversidade em relação ao tamanho das lagoas. Entretanto, há uma tendência de maiores índices em lagoas médias, o que pode ser resultante de distúrbios intermediários. Também não foram observadas similaridades na estrutura da comunidade entre corpos de água próximos, o que pode ser explicado pela facilidade de dispersão das espécies devido à enchente em períodos chuvosos. Os dados aqui apresentados podem ser importantes para compreensão dos mecanismos responsáveis pelos padrões de distribuição de moluscos límnicos no nordeste brasileiro.

Biografia do Autor

Marcos Roberto Santos, IFCE

Licenciado em Ciências Biológicas pela Instituição Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará. Bolsista voluntário no Laboratório de Ecologia de Manguezais (Ecomangue) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Acaraú. Tem experiência na área de Educação Ambiental, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas de Manguezais e experiência malacológica com moluscos de água doce, ambientes limnícos

Rafaela Camargo Maia, IFCE

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2003), Mestrado em Ecologia e Conservação pela mesma Universidade (2006) e Doutorado em Biologia Marinha pela Universidade Federal Fluminense (2010). É Professora Efetiva, em cursos técnicos, de graduação e pós-graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Foi Coordenadora de Pesquisa e Inovação no IFCE campus Acaraú (2012 e 2013). É líder do Grupo de pesquisa em Ecologia e Conservação de Manguezais e Coordena o Laboratório ECOMANGUE. Professora do Programa de Pós-graduação em Tecnologia e Gestão Ambiental do IFCE, campus Fortaleza e foi responsável pelo curso de Pós-graduação (especialização) em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional do IFCE campus Acaraú (2015-2018). Foi editora-chefe do Periódico Conexões: Ciência e Tecnologia (2013-2017). É Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Aplicada em Pesca e Aquicultura - nordeste IX. É membro do Comitê de Ética em Pesquisa com Experimentação Animal do IFCE. Está fazendo Pós-doutorado no Laboratório de Adaptações de Animais Marinhos (ADAM) na Universidade de Vigo, em Vigo, Espanha. Tem experiência na área de Ecologia e Biologia Marinha, atuando principalmente nos seguintes temas: estuário, manguezal e malacologia.

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Publicado

2018-11-29

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Artigos