TY - JOUR AU - Benetti, Idonézia Collodel AU - Grisard, Edla AU - Palhano, Angela PY - 2014/10/03 Y2 - 2024/03/29 TI - Polindo as almas com a lixa do verso: Experiência com agressores de mulheres JF - Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health JA - Cad. Bras. Saúde Ment. VL - 6 IS - 13 SE - Resumos DO - 10.5007/cbsm.v6i13.68990 UR - https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68990 SP - 186-187 AB - <p>O termo “violência doméstica” tem se tornado conhecido e divulgado, principalmente pelos canais midiáticos. Embora esse termo descreva encontros violentos de vários tipos, vemos que ele evoca, ainda, o resultado de relacionamentos turbulentos entre casais. Segundo uma pesquisa realizada pelo DataSenado, os maridos/ companheiros são apontados como agressores em 87% dos casos de violência doméstica, sendo que 59% está envolvido em violência física como o principal meio utilizado contra a mulher.<br />Entretanto, apenas o cuidado com a “vítima” não se faz suficiente para que se estabeleçam mudanças na relação violenta. Evidencia-se que existe uma necessidade de minimizar os efeitos que a violência causa no próprio agressor.<br />Pensando nessas demandas, o presente trabalho se propõe relatar a experiência vivida com agressores de mulheres encaminhados pelo poder judiciário de uma cidade do Alto Vale do Estado de Santa Catarina. É um relato de experiência, de 10 encontros, distribuídos sistematicamente em uma reunião semanal de aproximadamente 90 minutos, com um grupo de agressores de mulheres penalizados pela Lei Maria da Penha, e teve como objetivo aproximar uma demanda social esquecida pelo poder público com intervenções mediadas pela Arte.<br />As intervenções contemplaram o uso de poemas e contos como instrumentos mediadores da subjetividade dos informantes, e foram divididas didaticamente em três temas/módulos, a saber: Violência, Esperança e Mudança.<br />Considerando que os sujeitos são produtos e produtores do meio social onde vivem, torna-se relevante estudar as questões da violência à luz da teoria sócio-histórica, não somente como uma argamassa que auxilia a edificação da desigualdade entre “vítimas” e agressores, mas porque é também construção passível de desconstrução e (re)significações (Vygotski, 2000).<br />Uma mudança de comportamento passa necessariamente pela construção de novas interações sociais.O motor do desenvolvimento humano são os processos proximais, ou seja, são as interações face-a-face, diretas, que quando prolongadas por determinado tempo e ao se tornarem mais</p><p>complexas, exigindo mais dos participantes da interação, causam um impacto no desenvolvimento humano, modificando padrões de relação (Bronfenbrenner, 2002).<br />Pautada no aporte teórico que norteia a Psicologia Social, com abordagem qualitativa, foram utilizadas gravações de áudio com transcrição. Os resultados revelaram mais aproximação com a família, alívio de tensões e medos, diminuição do consumo de bebidas alcoólicas, pedido de perdão para a mulher agredida, volta ao relacionamento com a ex-mulher. Criar/brincar com a arte e refletir sobre a produção advinda dessa experiência, bem como vivenciar eventos catárticos, pode ser uma maneira de tomar consciência de si e do Outro. Pode ser um caminho para lidar com estresse, experiências desagradáveis, além de melhorar habilidades cognitivas e apreciar os prazeres de “fazer arte”.</p> ER -