Variação sob uma perspectiva psicolinguística: concordância numérica no português brasileiro e o impacto da escolarização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2019v72n3p101

Resumo

Este artigo discute o impacto da escolaridade na produção de concordância numérica em português do Brasil (BP) por alunos da 6ª série no Rio de Janeiro. O acordo de número na BP pode variar entre: (a) redundante, a variedade padrão ou (b) não- formulários redundantes e não padronizados. Essa variação é influenciada pelo status socioeconômico (SES) dos palestrantes e pelo nível educacional. Os resultados de um experimento de produção realizado com alunos da 6ª série sugerem influência do SES / tipo de escola e desempenho acadêmico na produção da linguagem; os efeitos da escolaridade e da consciência metalinguística são discutidos. É apresentado um relato da produção da linguagem, que combina os modelos L1 e L2 da produção da fala, considerando a possibilidade da coexistência de variedades em um único falante ser semelhante ao bilinguismo.
 

Referências

Adger, D., & Smith, J. (2010). Variation in agreement: A lexical feature-based approach. Lingua, 120(5), 1109–1134. https://doi.org/10.1016/j.lingua.2008.05.007

Almeida, E. M. (2010). Uso e norma: variação da concordância verbal em redações escolares. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Alves, M. T. G., Soares, J. F., & Xavier, F. P. (2014). Índice Socioeconômico das Escolas de Educação Básica Brasileiras. Ensaio: Aval. Pol. Públ. Educ., 22(84), 671–704.

Bachman, L. F. (2003). A habilidade comunicativa de linguagem (Communicative language ability). Linguagem & Ensino, 6(1), 77–128.

Bachman, L. F., & Palmer, A. S. (1996). Language Testing in Practice. Oxford: Oxford University Press.

Bagetti, T., & Corrêa, L. M. S. (2009). The early recognition of verb affixes: evidence from Portuguese. Proceedings of the 35th Annual Boston University Conference on Language Development.

Bagno, M., & Rangel, E. D. O. (2005). Tarefas da educação lingüística no Brasil. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, 5(1), 63–81. https://doi.org/10.1590/S1984-63982005000100004

Basit, T. N., Hughes, A., Iqbal, Z., & Cooper, J. (2015). The influence of socio-economic status and ethnicity on speech and language development. International Journal of Early Years Education, 23(1), 115–133. https://doi.org/10.1080/09669760.2014.973838

Brandão, S. F. (2011). Concordância nominal em duas variedades do português: convergências e divergências. Veredas, atemática(1), 164–178.

Brandão, S. F. (2013). Patterns of plural agreement within the Noun Phrase. Journal of Portuguese Linguistics, 12(2), 51–100.

Brandão, S. F. (2015). Concordância nominal em três variedades do português: resultados gerais, novas indagações. Cuadernos de La ALFAL, 36–52.

Brandão, S. F. (2016). Concordância Nominal Variável em Português. In J.-P. Chauveau, M. Barbato, & I. Fernández-Ordóñez (Eds.), Actes du XXVIIe Congrès international de linguistique et de philologie romanes (Nancy, 15-20 juillet 2013). Section 8 : Linguistique variationnelle, dialectologie et sociolinguistique. Nancy, ATILF (pp. 41–51). Nancy.

Brasil. (2017a). Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, Brasília.

Brasil. (2017b). Censo Escolar da Educação Básica 2016: Notas Estatísticas. Ministério da Educação, Brasília.

Canale, M., & Swain, M. (1980). Theoretical Bases of Communicative Approaches to Second Language Teaching and Testing. Applied Linguistics, (1), 1–47.

Castro, A., & Ferrari-Neto, J. (2007). Um estudo contrastivo do PE e do PB com relação à identificação de informação de número no DP. Letras de Hoje, 42(1), 65–76.

Corrêa, L. M. S. (2009). Bootstrapping language acquisition from a minimalist standpoint: On the identification of phi-features in Brazilian Portuguese. In J. Rothman & A. Pires (Eds.), Minimalist Inquiries into Child and Adult Language Acquisition: Case Studies across Portuguese(pp. 35–62). Berlin: De Gruyter Mouton

.Corrêa, Letícia M. S., Augusto, M. R. A., & Ferrari-Neto, J. (2006). The Early Processing of Number Agreement in the DP: Evidence from the Acquisition of Brazilian Portuguese. 30 Th Annual Boston University Conference on Language Development (BUCLD 30). Somervilles, Mass: Cascadilla Press.

Corrêa, L. M. S., & Name, M. C. L. (2003). Delimitação Perceptual de uma Classe Correspondente à Categoria Funcional D: Evidencias da Aquisição do Português. Fórum Linguistico, 3(1), 55–88.

Færch, C., & Kasper, G. (1983). Plans and strategies in foreign language communication. In Strategies in Interlanguage Communication (pp. 20–60). London: Longman.

Fernald, A., Marchman, V. A., & Weisleder, A. (2013). SES differences in language processing skill and vocabulary are evident at 18 months. Developmental Science, 16(2), 234–248. https://doi.org/10.1111/desc.12019

Gomes, C. A., Pontes, M. C., Almeida, M. C., & Abreu, A. C. (2011). Variação e aquisição da flexão nominal e da flexão verbal. Gragoatá, 30, 39–54.

Grohmann, K. K. (2014). Towards Comparative Bilingualism. Linguistic Approaches to Bilingualism, 4(3), 337–342. https://doi.org/10.1075/lab.4.3.06gro

Jakubów, A. P. S. P., & Corrêa, L. M. S. (2018). A expressão morfofonológica da concordância de número variável em português brasileiro: uma proposta para a aquisição e a produção infantil. Revista Da ABRALIN, 1(45), 47–67. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.18309/anp.v1i45.1135

Kasper, G. (1997). Can pragmatic competence be taught? (NetWork #6) [HTML document]. Honolulu: University of Hawai'i, Second Language Teaching & Curriculum Center. Retrieved [January 31, 2019] from the World Wide Web: http://www.nflrc.hawaii.edu/NetWorks/NW06/

Kato, M. A. (1990). No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística (3a edição). São Paulo: Editora Ática.

Koch, I. V. (2001). A possibilidade de intercâmbio entre Linguística Textual e o ensino de língua materna. Veredas, 5(2), 85–94.

Levelt, W. J. M. (1989). The Speaker as Information Processor. In Speaking: From Intention to Articulation (pp. 1–28). The MIT Press.

Levelt, W. J. M. (1999). Models of word production. Trends in Cognitive Sciences, 3(6), 223–232. https://doi.org/10.1016/S1364-6613(99)01319-4

Marcuschi, L. A. (1997). Oralidade e escrita. Signótica, (9), 119–145.

Molina, D.S. L. (2018). Aquisição da linguagem e variação linguística: um estudo sobre a flexão verbal variável na aquisição do PB. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Juiz de Fora.

Naro, A. J. (1981). The Social and Structural Dimensions of a Syntactic Change. Language, 57(1), 63–98.

Naro, A. J., & Scherre, M. M. P. (2015). Drifting Toward the Standard Language: A Panel Study of Number Concord in Brazilian Portuguese. In R. T. Cacoullos, N. Dion, & A. Lapierre (Eds.), Linguistic Variation: confronting fact and theory (p. 356). Routledge.

Negreiros, G., & Guerra, L. V. (2018). Um estudo sobre a oralidade no livro didático de língua portuguesa. PERcursos Linguísticos, 8(18), 244–260.

Nonato, S. (2018). Processos de legitimação da linguagem oral no ensino de língua portuguesa: panorama histórico e desafios atuais. Cad. Cedes Campinas, 38(105), 222–239. https://doi.org/10.1590/CC0101-32622018183601

Perkins, S. C., Finegood, E. D., & Swain, J. E. (2013). Poverty and language development: roles of parenting and stress. Innovations in Clinical Neuroscience, 10(4), 10–19.

Pires, A., Rothman, J., & Santos, A. L. (2011). L1 acquisition across Portuguese dialects: Modular and interdisciplinary interfaces as sources of explanation. Lingua, 121(4), 605–622. https://doi.org/10.1016/j.lingua.2010.06.002

Rojo, R. (2006). As relações entre fala e escrita: mitos e perspectivas - caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale (Centro de alfabetização, leitura e escrita) FaE/ UFMG.

Rooryck, J. (1994). On two types of underspecification: Towards a feature theory shared by syntax and phonology. Probus, 6(2–3), 207–234. https://doi.org/10.1515/prbs.1994.6.2-3.207

Scherre, M. M. P. (1978). A regra de concordância de número no sintagma nominal em português. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Scherre, M. M. P. (1991). A concordância de número nos predicativos e nos particípios passivos. Organon, (18), 52–70.

Scherre, M. M. P. (1994). Aspectos da concordância de número no português do Brasil. Revista Internacional de Língua Portuguesa (RILP) - Norma e Variação Do Português, 37–49.

Scherre, M. M. P., & Naro, A. J. (1998). Sobre a concordância de número no português falado do Brasil. In G. Ruffino (Ed.), Dialettologia, geolinguistica, sociolinguistica.(Atti del XXI Congresso Internazionale di Linguistica e Filologia Romanza) (pp. 509–523).

Scherre, M. M. P., & Naro, A. J. (2006). Mudança sem mudança: a concordância de número no português brasileiro. Scripta, 9(18), 107–129.

Shafer, V. L., Shucard, D. W., Shucard, J. L., & Gerken, L. (1998). An Electrophysiological Study of Infants’ Sensitivity to the Sound Patterns of English Speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 41(4), 874–886. https://doi.org/10.1044/jslhr.4104.874

Shi, R., Werker, J., & Cutler, A. (2003). Function Words in Early Speech Perception. Proceedings of the 15th International Congress of Phonetic Sciences, Barcelona 3-9 August 2003, 3009–3012.

Vieira, S. R., & Brandão, S. F. (2014). Tipologia de regras linguísticas e estatuto das variedades/ línguas: a concordância em português. Lingüística, 30(2), 81–112.

Publicado

2019-10-07