Articulações entre regimes de informação e sociomaterialidade: percepções a partir da análise de processos organizativos
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2025.e99096Palavras-chave:
Regime de Informação, Teoria Ator-Rede (TAR), Artefatos, Sociomaterialidade, Processos organizativosResumo
Objetivo: Discute possibilidades de aproximação teórica entre regimes de informação e sociomaterialidade nas análises de ambientes organizacionais e informacionais no campo da Ciência da Informação, dois modelos teóricos oriundos de uma das abordagens da Teoria Ator-Rede desenvolvida por Bruno Latour, um pensador com consolidada contribuição nos estudos organizacionais, em outros campos científicos e na Ciência da Informação. Observa na análise de regimes de informação os objetos e os elementos não humanos como atores simetricamente constituintes do ambiente organizacional. A originalidade da pesquisa encontra-se na utilização da sociomaterialidade à análise de elementos que constituem regimes de informação, uma abordagem teórica ainda pouco analisada junto à literatura da área.
Método: Utiliza pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, operacionalizada a partir de pesquisa bibliográfica.
Resultado: Dados os diferentes contextos de produção dos modelos teóricos articulados, ambos se aplicam no campo dos estudos organizacionais para análises de problemáticas relacionadas aos ambientes, às práticas, às relações e aos fluxos de informação em organizações, o que permite perceber alguns aspectos de aproximação: o reconhecimento dos agentes constituintes dos processos organizativos, as dificuldades de demarcação de limites ou fronteiras entre humanos e não humanos e a observação do ambiente organizacional e informacional considerando os processos organizativos.
Conclusão: A pesquisa demonstra como, nas ações de informação, o social, o técnico, a tecnologia e o político são ontologicamente inseparáveis e definem as formas e espaços materiais, seja por meio da sociomaterialidade e/ou do modo preferencial de produção de informação nos processos organizativos, sempre situacionais e relacionais, que produzem o regime de informação dominante.
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