Biopoder e Racismo Político: Uma análise a partir de Michel Foucault

Autores

  • Cesar Candiotto Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, Curitiba, PR
  • Thereza Salomé D’Espíndula Faculdade Pequeno Príncipe (FPP), Curitiba, PR

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2012v9n2p20

Resumo

A experimentação de novos tratamentos e medicamentos valeu-se dos humanos como cobaias desde que estes se deram conta de que isso poderia colaborar para uma melhoria das condições de vida. Porém, foram produzidas vítimas. Apesar dos grandes benefícios, interesses científicos e individuais podem ser conflituosos gerando complicações, mesmo éticas, como ocorreu no “Caso Tuskegee”, um estudo acerca da evolução da sífilis. Após narrar o mesmo, o presente artigo pretende elaborar uma interligação com o biopoder de Foucault. O biopoder inicia-se com o advento do capitalismo e de uma medicina com função de higiene pública, centralização da informação, saneamento e controle de doenças e, imbuída desse papel, passa a exercer um controle do uso dos corpos e da manutenção da saúde da população. Questionando Tuskegee, chega-se a outro ponto ressaltado por Foucault: que para o exercício do poder e da função de morte em um sistema político centrado nele, há que intervir o racismo político. O termo “racismo” empregado por Foucault pode hoje abrigar as diferenças de raça ou cor, de padrões midiaticamente exigidos; ele também pode incluir as situações de exclusão, desigualdades sociais, encarceramento e abandono. Enfim, discute-se a diferença entre relações de poder e processos de dominação no pensamento de Foucault. Para ele, não há relações de poder sem resistências; e onde há dominação, as resistências são inoperantes.

Biografia do Autor

Cesar Candiotto, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, Curitiba, PR

Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, estágio doutoral na Université Paris XII e no Centre Michel Foucault. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Bacharel e licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Bacharel em Teologia pela Pontificia Universidad Católica de Chile (1997). Professor Adjunto III do Curso de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Coordenador do curso de especialização Ética em Perspectiva. Publicou o livro "Foucault e a crítica da verdade" (Autêntica, 2010); organizou os livros "Mente, cognição, linguagem" (Champagnat, 2008) e "Ética: abordagens e perspectivas" (Champagnat, 2010). É coautor do livro "Fundamentos da pesquisa científica: teoria e prática" (Vozes, 2011). Organizou o dossiê "Foucault/Deleuze" e é coorganizador do dossiê "Parrhesia", ambos da Revista de Filosofia Aurora. Tem experiência na área de Filosofia Contemporânea, com publicações nas subáreas de Ética e Filosofia política e Filosofia Francesa Contemporânea, especialmente no pensamento de Michel Foucault. Atua principalmente nos seguintes temas: Ética, Política, Vida, Cuidado, Verdade, Sujeito, Biopolítica, Governamentalidade.

Thereza Salomé D’Espíndula, Faculdade Pequeno Príncipe (FPP), Curitiba, PR

Mestre em Filosofia pela PUCPR. Professora da Faculdade Pequeno Príncipe (FPP), Curitiba-PR.

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Publicado

12.12.2012

Edição

Seção

Dossiê: A biopolitica e a medicalização da vida. Orgs.: Profs. Drs. Sandra Caponi e Selvino Assmann