Considerações sobre a constituição da ciência psicológica e suas implicações para a subjetividade na contemporaneidade

Autores

  • Rafael Bianchi Silva Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR
  • Jéssica Paula da Silva Mendes Defensoria Pública do Paraná, Umuarama, PR

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p60

Resumo

O presente artigo tem por objetivo percorrer historicamente o caminho de consolidação da Psicologia Científica. Partindo da sistemática cartesiana, em momento de inauguração da Idade Moderna, observa-se a instauração das normativas modernas que, mais tarde, foram radicalizadas pelas ciências, inclusive pela Psicologia, estabelecendo um caráter disciplinador em suas práxis. Ao longo do texto, é debatido o problema da objetividade científica para a operacionalização da ciência psicológica, e suas implicações ético-políticas, buscando compreender a maneira pela qual a Psicologia delineou a subjetividade em função de seu anseio por legitimidade científica e as implicações desta tendência na subjetividade contemporânea. Como resultado, a contemporaneidade revela uma ciência psicológica ainda circunscrita em um projeto científico defasado, que restringe suas possibilidades de intervenção à materialidade de práticas e resultados, e faz com que o objeto a ser investigado se torne produto desta mesma ciência.

Biografia do Autor

Rafael Bianchi Silva, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR

Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Marília, SP. Professor da Universidade Estadual de Londrina e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, Londrina, PR

Jéssica Paula da Silva Mendes, Defensoria Pública do Paraná, Umuarama, PR

Mestranda em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Psicóloga na Defensoria Pública do Estado do Paraná, Umuarama, PR

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Publicado

08.01.2017

Edição

Seção

Artigos - Condição Humana e Saúde na Modernidade