Os ribeirinhos no Arquipélago de Marajó e a luta pela permanência no território tradicionalmente habitado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2020.e70154

Resumo

O arquipélago de Marajó desde a colonização tem sido palco de intensas e sucessivas disputas entre diferentes grupos pela ocupação e usufruto da terra e riquezas naturais. Neste estudo, evidencia-se a luta dos ribeirinhos, um grupo social do rio Mapuá, município de Breves, Marajó, Pará, pelo acesso, uso e permanência no território tradicionalmente habitado. Em conflito com os empresários da madeira, os ribeirinhos, ameaçados de serem expulsos, requereram junto ao governo federal a criação de uma Reserva Extrativista, a Resex/Mapuá, como condição para permanecerem em seu território. Seguindo os pressupostos da pesquisa qualitativa, procuramos conhecer aspectos desse conflito, assim como discutir sobre a Resex e o uso do território na interface com a política territorial do Estado. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e análise documental. Tendo por referência o campo socioantropológico em uma perspectiva interdisciplinar, analisamos os dados empíricos, os quais nos levam a evidenciar que a Resex-Mapuá, para os ribeirinhos, constitui-se em uma tática política de afirmação e reafirmação do direito de permanecer no território que tradicionalmente habitam e costuram seus modos de vida.

Biografia do Autor

Eliane Miranda Costa, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil.

Doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Educação, pela Universidade do Estado do Pará (2012), com período sanduíche na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Especialista em Educação do Campo, Desenvolvimento e Sustentabilidade, UFPA (2010) e Licenciada em Pedagogia, UFPA (2005). Atualmente é Professora Adjunto I da UFPA, Campus Universitário do Marajó-Breves, atuando no curso de Pedagogia. Trabalha com os seguintes temas: Formação de Professores, Educação do Campo, Política Educacional, Metodologia do Trabalho Científico, Cultura Material, Instituições, Patrimônio e Memória. É sócia efetiva da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e sócia colaboradora da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB). Integrante da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Arqueologia na Amazônia Marajoara (GEPEAMA).

Vivianne da Silva Nunes Caetano, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil.

Graduada em Pedagogia, Universidade Federal do Pará-UFPA (2002). Especialista em Informática e Educação, Universidade do Estado do Pará-UEPA (2004) e Psicopedagogia Clínica e Institucional, Universidade Salgado de Oliveira-UNIVERSO (2010). Mestre em Educação, linha de pesquisa: Formação de Professores, Universidade do Estado do Pará-UEPA, (2013). Doutora em Antropologia pela Universidade Federal do Pará-UFPA (2018). Atualmente é professora efetiva do magistério superior na Universidade Federal do Pará - UFPA, com lotação na Faculdade de Educação e Ciência Humanas - Campus Universitário do Marajó - Breves - Pará. Com experiência nas áreas de Formação de Professores, Educação do Campo, Classes Multisseriadas/Multianos, Populações Tradicionais, Alimentação ribeirinha, Programa Bolsa Família, Metodologia da Pesquisa, Psicopedagogia, Informática Educativa, Tecnologias na Educação.

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Publicado

26.02.2020

Edição

Seção

Eixo temático: “Amazônia: povos, conflitos e preservação”