Masculinidades e a formação de professores/as de Educação Física na EEFD/UFRJ

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2021.e72238

Resumo

A Educação Física enquanto área de conhecimento se fixa e instaura a partir de modelos sexistas, generificados e generificadores, demarcados por diferenças e desigualdades de gênero e (re)produtores dessas diferenças. Este estudo pretendeu compreender a dinâmica de relações entre as masculinidades durante a formação superior de Educação Física. Perguntamos: as várias formas de masculinidades seccionam sujeitos, possibilitam ou renegam direitos e deveres diferentes de acordo com suas performatividades? Para alcançar esse objetivo, nos apropriamos da abordagem qualitativa, de tipo etnográfico, para observar quatro disciplinas obrigatórias, de 60 horas, do curso de Licenciatura em Educação Física durante um período acadêmico. Como resultados, pudemos denotar que as masculinidades próximas da hegemônica contornam homens cis-heterossexuais de maiores possibilidades e poderes, estabelecendo-se em um jogo de hierarquias que ridiculariza, menospreza e objetifica mulheres e outras identidades de gênero e sexualidades, o que pode vir a ser replicado durante a atuação profissional desses/as professores/as. 

Biografia do Autor

Rafael Marques Garcia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Doutorando em Educação Física na UFRJ e participante do Grupo de Estudos em Corpo, Esporte e Sociedade, o GECOS e do Laboratório de Estudos Corpo, Esporte e Sociedade, o LAbCOESO, devidamente cadastrado pelo DGP do CNPq.

Erik Giuseppe Barbosa Pereira, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela UERJ (2015). Atuação e interesse estão relacionadas aos aspectos culturais, históricos e sociais das práticas corporais em seus diversos ambientes de intervenção. Líder do Grupo de Estudos em Corpo, Esporte e Sociedade, o GECOS. Professor adjunto da EEFD/UFRJ.

Referências

ALTMANN, Helena. Educação física escolar: relações de gênero em jogo. São Paulo: Cortez, 2015.

ALTMANN, Helena. Exclusão nos esportes sob um enfoque de gênero. Motus Corporis, v. 9, n. 1, p. 9-20, 2002.

ANDREOLI, Giuliano Souza. Dança, gênero e sexualidade: um olhar cultural. Conjectura, v. 15, n. 1, p. 107-118, jan./abr. 2010.

BRITO, Leandro Teófilo de; LEITE, Miriam. Sobre masculinidades na Educação Física escolar: questões teóricas, horizontes políticos. Práxis Educativa, v. 12, n. 2, p. 481-500, 2017.

BRITO, Leandro Teófilo de. Enunciações de masculinidade em narrativas de jovens atletas de voleibol: leituras em horizonte queer. 225p. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

BUTLER, Judith. Alianças queer e política anti-guerra. Bagoas - Estudos Gays: gênero e sexualidades, v. 11, n. 16, p. 29-49, jan./jun. 2017.

BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of sex. Londres: Routledge, 2011. 256p.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Col. Sujeito & História. 2015.

CONNELL, Robert W. Políticas da masculinidade. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, p. 184-206, 1995.

DEVIDE, Fabiano Pries et al. Estudos de gênero na Educação Física Brasileira. Motriz, Rio Claro, v. 17 n. 1 p. 93-103, jan./mar. 2011.

GAYA, Adroaldo (Org.). Ciências do movimento humano: introdução à metodologia da pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2008.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Feminismos, mulheres e esportes: questões epistemológicas sobre o fazer historiográfico. Movimento, v. 13, n. 2, p. 171-196, mai./ago., 2007.

JACO, Juliana Fagundes; ALTMANN, Helena. Significados e expectativas de gênero: olhares sobre a participação nas aulas de educação física. Educação em foco, v. 22, n. 1, p. 1-26, jun. 2017.

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes. (orgs). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 3a. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 7-35.

MARIANO, Marina; ALTMANN, Helena. Educação Física na Educação Infantil: educando crianças ou meninos e meninas? Cadernos Pagu, n. 46, p. 411-438, jan./abr. 2016.

MOLINA NETO, Vicente. Etnografia: uma opção metodológica para alguns problemas de investigação no âmbito da Educação Física. In: MOLINA NETO, Vicente; TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva (orgs.). A pesquisa qualitativa em educação física: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.

PRADO, Vagner Matias. Entre ditos e não ditos: a marcação social de diferenças de gênero e sexualidade por intermédio das práticas escolares da Educação Física. 2014. 258f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2014.

PEREIRA, Erik Giuseppe Barbosa et al. Os estudos de gênero e masculinidade e seus reflexos para a Educação Física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 23, n. 1, p. 146-156, 2015.

PORTILHO, João Gabriel Marques; BRITO, Leandro Teófilo de; SANTOS, Ana Paula da Silva. Produção acadêmica sobre masculinidades nos anais do congresso brasileiro/internacional de ciências do esporte. Motrivivência, Florianópolis, v. 32, n. 63, p. 1-21, jul./dez. 2020.

PRADO, Vagner Matias do; ALTMANN, Helena; RIBEIRO, Arilda Ines Miranda. Condutas naturalizadas na educação física: uma questão de gênero? Currículo sem Fronteiras, v. 16, n. 1, p. 59-77, jan./abr. 2016.

ROSA, Marcelo Victor. Educação Física e homossexualidade: investigando as representações sociais dos estudantes do Centro de Desportos/UFSC. 131 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Desportos. Florianópolis. 2004.

SEIDLER, Victor J. Reason, desire, and male sexuality. In: The Cultural Construction of Sexuality (P. Caplan, ed.), London/New York: Routledge, 1987. p. 82-112.

Downloads

Publicado

26.04.2021

Edição

Seção

Artigo Eixo Temático: (Re)discutindo sexualidade: corpo, prazer e desejo em tempos conservadores