Classificar e medicar: a gestão biopolítica dos sofrimentos psíquicos

Autores

  • Sandra Caponi Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, SC

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2012v9n2p101

Resumo

Considerando que a palavra biopolítica se transformou em um marco de referência para inúmeros debates e temas, muitas vezes sem os devidos questionamentos sobre seus alcances e limites, pretendo analisar neste escrito, inicialmente, os eixos centrais em relação aos quais se articula o conceito foucaultiano de biopolítica: 1) a centralidade da norma e a oposição normalidade-patologia; (2) os estudos estatísticos referidos aos fenômenos vitais que caracterizam as populações; (3) o problema do risco e os dispositivos de segurança; (4) o governo das populações como forma de gestão que exclui o governo de si. Posteriormente, será discutido um texto recentemente publicado pelo ex-chefe do grupo de tarefas do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM), onde ele questiona o atual processo de elaboração da quinta edição desse Manual. Essas críticas permitem mostrar que o Manual se articula entorno dos mesmos eixos que caracterizam a biopolítica das populações, configurando uma estratégia, hoje hegemônica, de gestão dos sofrimentos psíquicos.

Biografia do Autor

Sandra Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, SC

Graduação em Filosofia - Universidad Nacional de Rosário (Argentina), mestrado em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP, doutorado em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP, realizou um primeiro Pós doutorado na Universidade de Picardie (França) em 2000, e um Pós-doutorado Sênior na EHESS (Paris- Franca) em 2011. Foi coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UFSC do ano 2003 ao ano 2007. Atualmente é professora associada do Departamento de Sociologia e Ciências Politicas da Universidade Federal de Santa Catarina. Consultor ad hoc de diversas publicações e membro do conselho editorial da Revista Interface ( Comunicação, Saúde e Educação), da Revista Ciência & Saúde coletiva e da Revista Ciência e Saúde. Manguinhos, dentre outras. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Desempenhou-se como professora visitante na EHESS (Paris- França), no College de France (Paris), na Universidad Nacional de Colombia (Medellín); na Universidad Nacional de Rosario (Argentina). Desenvolve seu trabalho na área de epistemologia e historia das ciências biomédicas e na área de Bioética. È professora permanente do doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC e do Programa de pós-graduação em Sociologia Política da mesma Instituição, é colaboradora do Programa de Mestrado profissional em Saúde Mental .

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Publicado

12.12.2012

Edição

Seção

Dossiê: A biopolitica e a medicalização da vida. Orgs.: Profs. Drs. Sandra Caponi e Selvino Assmann