A batalha: construção de saberes de mulheres que exercem a prostituição em Salvador/BA

Autores

  • Fernanda Priscila Alves Silva Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA https://orcid.org/0000-0003-3795-3916
  • Lívia Alessandra Fialho da Costa Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n3p114

Resumo

O artigo objetiva problematizar sobre as formas e modos de socialização e agenciamento construídos pelas mulheres e outros atores no cenário da prostituição, assim como em perceber e enunciar os saberes e aprendizados que surgem nesta prática social, ou seja, na “batalha” da vida.  A pesquisa teve uma perspectiva etnográfica, contou com a participação de 10 interlocutoras formais, com idades entre 30 e 65 anos e se encontravam na batalha pela vida – expressão por elas utilizada para se referir ao trabalho como prostitutas nas ruas – desde a adolescência. O referencial teórico está ancorado no campo de estudos autobiográficos em educação e numa perspectiva interdisciplinar de análise, conjugando orientações dos campos da Psicologia (ao tratar dos contextos familiares e construção de subjetividades) e da Antropologia (ao considerar a socialização um eixo importante para composição de uma etnografia das interações). Os resultados apontaram uma categoria que parece explicar em profundidade a experiência de ganhar/fazer a vida na rua, a batalha, portanto é uma expressão que aponta o modo de fazer e construir a vida na rua e na prostituição. A expressão “tô na batalha, tô na vida”, assim como a leitura dos significados e sentidos atribuídos a esta expressão pelas mulheres, aponta nesta pesquisa uma categoria que exprime o trabalho exercido pelas mulheres prostitutas na rua, no Centro de Salvador/BA.

Biografia do Autor

Fernanda Priscila Alves Silva, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA

Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação e Contemporaneidade na Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA

Lívia Alessandra Fialho da Costa, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA

Doutora em Antropologia Social e Etnologia - École des Hautes Études en Sciences Sociales. Pós-doutorado na Université Paris 13. Professora Titular do Departamento de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia e professora e pesquisadora no Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea, da Universidade Católica do Salvador.

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Publicado

25.09.2019

Edição

Seção

Artigos - Estudos de Gênero