O corpo sexuado nas relações de poder

Autores

  • Paulo Roberto de Carvalho Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2018v15n3p56

Resumo

Em Foucault, a problemática do poder comparece sempre referida à materialidade do corpo, às suas características e potencialidades. Com a noção de poder disciplinar, ele  assinala uma vertente individualizante do poder, que atua nos corpos tendo como objetivo torná-los úteis e dóceis. Foucault também coloca em evidência um poder que se exerce sobre a população (a biopolítica), que reconhece a coletividade e intervém sobre ela,  especificamente sobre sua condição corporal . A partir dos referenciais acima descritos, este estudo tem por objetivo analisar a trajetória de crescente politização das temáticas ligadas ao corpo e à sexualidade que ganharam destaque ao longo do século XX e que, de modo parcial, foram incorporadas ao debate cotidiano das populações. Do ponto de vista metodológico, trata-se de estudo teórico e qualitativo que reúne subsídios para a análise da presença recorrente das tematícas corporais nos diferentes contextos da contemporaneidade. Dentre os resultados obtidos tem-se que as características classificatórias do corpo humano vivo, tais como gênero, sexualidade e faixa etária tornaram-se alvo de uma atenção permanente, seja na forma de produção de conhecimento sobre as mesmas ou ainda como objeto de uma sensibilização que toma o corpo em sua dimensão política inscrevendo-o, a partir daí, nas políticas institucionalizadas e nas legislações. Como conclusão parcial chega-se à constatação de que está em curso uma mudança normativa e valorativa de amplo alcance que tem na questão do corpo sexuado seu eixo principal.

Biografia do Autor

Paulo Roberto de Carvalho, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR

Doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

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Publicado

13.09.2018

Edição

Seção

Artigos - Estudos de Gênero