“O problema não é o que vira notícia, mas o que deixa de ser”: a falta de lugar da pobreza e a atenção às celebridades no jornalismo na campanha crítica da ONG Teto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2019v16n1p121

Resumo

Neste artigo, propõe-se uma perspectiva dos estudos de jornalismo, critérios de noticiabilidade, celebridades e acontecimento para a problematização da campanha da ONG Teto, em 2015, sobre a invisibilidade da pobreza diante da atenção midiática ao cotidiano de artistas brasileiros. Aponta-se aqui para como as construções desse campo da comunicação viabilizam a constante elucidação de um e apagamento do outro. Como tal campanha de crítica midiática foi espalhada através de conversações em rede, neste artigo também contempla-se a esfera de produção de sentidos da controvérsia no Facebook, em que aponta-se para a cristalização de discursos que vinculam essa práxis não só os meios de comunicação, mas à esfera política e à sociedade civil.

Biografia do Autor

Jonas Pilz, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense. Mestre em Ciências da Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. E-mail: jonaspilz@gmail.com

Fernanda de Faria Medeiros, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail: medfernanda@gmail.com

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Publicado

2019-07-09

Edição

Seção

Núcleo Temático