A revolução dos cravos e o controlo operário

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n2p327

Resumo

Neste artigo argumentaremos que a característica fundamental da revolução portuguesa de 1974/75, é a luta sociológica de classes sociais travada dentro das empresas, e sobretudo nas grandes unidades industriais. Defenderemos, no âmbito de uma revisão da literatura, dever essa disputa definir-se como controlo operário, distinguindo-o quer do seu contrário – o controlo da produção, ou seja estatal-nacional – quer de formas de cogestão ou autogestão, as quais aparecem frequentemente misturadas.

Biografia do Autor

Raquel Cardeira Varela, Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa (IHC-FCSH/NOVA).

Historiadora e investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais e investigadora do Instituto Internacional de História Social, Amesterdão. É coordenadora do projeto História das Relações Laborais no Mundo Lusófono. É doutora em História Política e Institucional (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa). É Presidente da International Association Strikes and Social Conflicts. É vice coordenadora da Rede de Estudos do Trabalho, do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal.

Jorge Fontes, Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa (IHC-FCSH/NOVA).

Doutor em História pela Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Escreveu o livro "Setenave: revolução, nacionalização, privatização" (Parsifal, 2018). Investigador integrado no Instituto de História Contemporânea. Participa no projecto "Shipbuilding and ship repair workers: a global labour history (1950-2010)”, organizado pelo International Institute of Social History (Amsterdão). Conta com diversas publicações e comunicações sobretudo nas áreas da História Global do Trabalho, da indústria naval e do movimento operário.

Referências

ADLER, M. Conselhos operários e revolução. Coimbra: Centelha, 1976.

AVANTE! Com o PCP pela Unidade Popular Rumo ao Socialismo. Avante! Lisboa, 3 jul. 1975a, p. 4.

AVANTE! Encontro de trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa. Avante! 13 nov. 1975b, p. 5.

BERMEO, N. The revolution within the revolution: workers` control in rural Portugal. New Jersey: Princeton University Press, 1986.

BRINTON, M. Os Bolcheviques e o Controlo Operário. Porto: Afrontamento, 1975.

CASTELEIRO, J. M. (dir.). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Verbo, 2001.

COMISSÃO COORDENADORA DAS EMPRESAS EM AUTOGESTÃO. A Realidade da Autogestão em Portugal. Lisboa: Perspectivas e Realidades, 1981.

COSTA, A. Setúbal Cidade Vermelha: Sem perguntar ao Estado qual o caminho a tomar. Setúbal: Estuário, 2017.

DIÁRIO DE LISBOA. O poder político passa pela batalha da produção. Diário de Lisboa, Lisboa, 9 maio 1975. p. 1.

FONTES, J. Setenave – Revolução, Nacionalização, Privatização. Lisboa: Parsifal, 2018.

FRANCO, S. A experiência revolucionária (1974-1975). In: REIS, A. (coord.) Portugal, 20 anos de Democracia. Lisboa: Temas e Debates, 1996. p. 176-205.

GRAMSCI, A. Controle Operário. L’Ordine Nuovo, 10 fev. 1921. Disponível em: http://www.marxists.org/portugues/gramsci/1921/02/10.htm. Acesso em: 1 jul. 2019.

AMMOND, J. Worker Control in Portugal: The Revolution and Today. Economic and Industrial Democracy, v. 4, n. 2, p. 413-453, 1981.

HARMAN, C. A People’s History of the World. London-Sidney: Bookmarks, 2002.

JAMES, C. L. R. Jacobinos Negros. São Paulo: Boitempo, 2000.

KORSCH, Karl, cit in MARTORANO, L., Conselhos e Democracia. Em busca da participação e da socialização. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 32.

KORSCH, K. Revolutionary Commune, 1929. Disponível em: https://www.marxists.org/archive/korsch/1929/commune.htm. Acesso em: 3 jul. 2019.

LENINE, V. A falência da II Internacional. Lisboa: Maria da Fonte, 1975.

LENINE, V. O Controlo Operário e a Nacionalização da Indústria. Lisboa: Estampa, 1976.

LOPES, V. S. (org.). Constituição da República Portuguesa 1976 (anotada). Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1977.

MANDEL, E. (ed.). Contrôle Ouvrier, Conseils Ouvriers, Autogestion. Paris: François Maspero, 1975.

MARX, K. A Guerra Civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011.

MATTICK, P. Integração capitalista e ruptura operária. Porto: A regra do jogo, 1977.

PANNEKOEK, A. Letter on Workers Councils, 1952. Disponível em: https://www.marxists.org/archive/pannekoe/1952/letter-councils.htm. Acesso em: 1 jul. 2019.

PANNEKOEK, A. Los Consejos obreros. Bilbao: Zero, 1977.

PATRIARCA, F. Controlo Operário em Portugal (I). Análise Social, v. XII, n. 47, 1976a. p. 765-816.

PATRIARCA, F. Controlo Operário em Portugal (II). Análise Social, v. XII, n. 48, 1976b. p. 1056-1057.

PÉREZ, M. Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros. In: REIS, A. et al. (coord.) Dicionário de História de Portugal: O 25 de Abril. Porto: Figueirinhas, 2016. p. 302-303.

ROSA, E. A Economia Portuguesa em Números. Lisboa: Moraes, 1975.

ROSA, T. et al. Sistemas de Trabalho, Consciência e Ação Operária na Setenave. (Dissertação de Licenciatura)Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 1983.

RTP. Noticiário Nacional. 30 jun. 1975. Arquivo da RTP. Bilbao: Zero, 1977.

SECRETARIADO NACIONAL DAS CTs. Viva o 1º Congresso Nacional das Comissões de Trabalhadores. Viva a Classe Operária, 10 out. 1975. p. 1.

TROTSKY, L. História da Revolução Russa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

TROTSKY, L. Workers Control of Production: Letter to a group of German Left Oppositionists, 1931. Disponível em: http://www.marxists.org/archive/trotsky/germany/1931/310820.htm. Acesso em: 2 jul. 2019.

WINN, P. Weavers of Revolution: The Yarur Workers and Chile's Road to Socialism. New York: Oxford University Press, 1986.

ZINN, H. A People’s History of the United States. New York: Harper Perennial, 2005.

Downloads

Publicado

2020-05-15

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)