@article{Loth_2016, title={Coruja, lobisomem, vaga-lume: o traço animal do narrador}, volume={21}, url={https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2016v21n1p11}, DOI={10.5007/2175-7917.2016v21n1p11}, abstractNote={<p><!--[if gte mso 9]><xml> <o:OfficeDocumentSettings> <o:AllowPNG/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--></p><p>O percurso por uma rede de narradores de diferentes épocas encontra um traço de animalidade no olhar e na escritura-<em>flâneur</em>, desde que Restif de la Bretonne propôs, no século XVIII, a associação entre o repórter/narrador e uma ave noturna. Esse rastro orienta a constituição da categoria do <em>narrador-coruja</em>, que coloca em prática um método inumano de olhar as zonas de sombra das cidades. Aqui chamada <em>narrativas do escuro</em>, esta cartografia percorre diversas textualidades interligadas pelo desejo de ver o que está por baixo do cotidiano ? de Bretonne e Mercier, passando por Poe, Baudelaire, João do Rio e remetendo a Clarice Lispector. De tempos em tempos, a narrativa coruja desaparece para reaparecer em cada cidade onde haja um andarilho obstinado a ultrapassar a mancha de invisibilidade no olhar humano. As multidões caminham desatentas, ofuscadas pela proliferação de signos e propagandas, marcham para o porvir sem olhar para trás. A coruja não; ela retém o tempo para pressentir os desaparecimentos das singularidades e entrever o que a história do presente diz de mais clandestino, pois como ensina Benjamin (1994b, p. 231), “pensar não inclui apenas o movimento de ideias, mas também sua imobilização”. O passeio pelos primeiros escritores-repórteres permite ensejar que o coruja-<em>flâneur</em> inaugura não apenas a si próprio, mas também esse modo de narrativa calcado em uma poética do olhar para os escombros. A deambulação física o caracteriza, mas não determina a narrativa, assim como não determina a viagem, o deslocamento interior. Antes, a pulsão de ver o desconhecido desperta outras potências obscurecidas, reintegrando-as à percepção dos movimentos urbanos e impulsionando a narrativa a caminhar, ouvir, cheirar, sentir. No voo noturno de olhar pivotante, a literatura anuncia as sobrevivências que não cessam de desaparecer diante do contemporâneo.</p>}, number={1}, journal={Anuário de Literatura}, author={Loth, Raquel Wandelli}, year={2016}, month={jun.}, pages={11–31} }