Fisiologias em contradança: uma leitura de "A desejada das gentes", de Machado de Assis

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DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2018v23n2p130

Resumo

O artigo propõe uma leitura de “A desejada das gentes”, de Machado de Assis, a partir do confronto entre as diversas interpretações articuladas no interior da narrativa do Conselheiro sobre as ações de Quintília, sua amada. Em sua variedade e imprecisão, elas apontam mais para os anseios e intenções daquele que as emprega, exegeta limitado, do que para qualquer verdade sobre o objeto que as anima. Levando em consideração os efeitos da forma dramática do conto, composto em forma de diálogo, procuramos entrever como o desejo pela protagonista é construído pela narrativa, que, pela ausência de uma voz externa capaz de organizar as pontas soltas, demanda uma participação ativa do leitor, gesto tipicamente machadiano. Por fim, em diálogo com os conceitos freudianos de luto e sublimação, sugerimos que a narrativa do Conselheiro adquire certa função sublimatória, dessexualizando a figura de Quintília e garantindo, assim, ao seu enunciador, a posse exclusiva de uma explicação singular. 

Biografia do Autor

Guilherme Mazzafera e Silva Vilhena, Universidade de São Paulo

Doutorando em Literatura Brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (DLCV-USP).

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Publicado

2018-11-09

Como Citar

VILHENA, Guilherme Mazzafera e Silva. Fisiologias em contradança: uma leitura de "A desejada das gentes", de Machado de Assis. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 130–142, 2018. DOI: 10.5007/2175-7917.2018v23n2p130. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2018v23n2p130. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos