Modelos de racionalidade e formação inicial e continuada do professor de literatura
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e85530Palavras-chave:
Paradigmas de formação docente, Racionalidade crítica, Formação inicial e continuada do professor de literaturaResumo
Considerando o presente contexto da educação brasileira, em que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é alçada à posição de núcleo das políticas educacionais, incluindo a política nacional de formação de professores, e diante dos impasses que permeiam a formação do docente de literatura, na qual ainda permanece instaurado um falso dilema entre formar especialistas ou docentes da educação básica, problematizamos, neste trabalho, aspectos do processo formativo do professor de literatura do ensino fundamental e médio a partir de perspectivas de racionalidade da formação docente. Trata-se de uma pesquisa exploratória e documental, realizada no âmbito do curso de Doutorado em Educação da Universidade Federal de Pernambuco, na qual analisamos documentos legais que estabelecem diretrizes curriculares para a formação de professores em interlocução com formulações teóricas que constituem diferentes paradigmas de racionalidade docente. Assim, com base nos modelos técnico, prático-reflexivo e crítico, apresentamos, primeiramente, questões mais gerais sobre a formação de professores e, em seguida, focamos pontos específicos da formação do licenciando em Letras e do professor de literatura atuante na educação básica. Em nossas considerações finais, evidenciamos as inegáveis contribuições da racionalidade prática, mas também destacamos a necessidade de avançarmos em direção a um paradigma crítico para a abordagem de problemas ligados à construção da identidade e do papel do professor. Dessa forma, a reflexividade e a produção de conhecimento poderão ser reafirmadas como processos fortemente implicados na docência, sem que sejam desconsiderados seu compromisso social e a percepção do processo educativo dentro de um amplo contexto histórico e político.
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