Os livros mais vendidos: literatura juvenil e experiência estética

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e67027

Resumo

Até que ponto a experiência do leitor de livros juvenis subjuga-se ao esteticismo padrão imposto pela lógica do mercado editorial hegemônico que visa não apenas à obtenção de lucro? A hipótese deste artigo considera que o público consumidor tem sua sensibilidade estética reduzida a uma condição heterônoma. A partir de uma hermenêutica teórico-crítica, fundamentada na filosofia de Theodor Adorno, o objeto de análise é a lista (2014 a 2018) das obras “infantojuvenis” mais vendidas no Brasil, problematizada a partir do conceito de fetichismo da mercadoria cultural. Por meio de uma negação determinada da cultura afirmativa que tece loas a livros de consumo rápido, defende-se que no âmbito da dinâmica contraditória da realidade escolar residem as condições possíveis para se abalar o princípio do valor de troca, imperativo categórico que se sobrepõe à formação estética para a autonomia.

Biografia do Autor

Robson Loureiro, Universidade Federal do Espírito Santo, UFES

Professor do Departamento de Educação, Política e Sociedade da Universidade Federal do Espírito Santo, DEPS/UFES

 

Mariana Passos Ramalhete, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFES

Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFES, Campus Venda Nova do Imigrante, ES

Samira da Costa Sten, Universidade Federal da Bahia, UFBA

Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Faced/UFBA

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Publicado

2020-03-27

Como Citar

Loureiro, R., Ramalhete, M. P., & Sten, S. da C. (2020). Os livros mais vendidos: literatura juvenil e experiência estética. Perspectiva, 38(1), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e67027