Fundações partidárias e processos de politização no Brasil: domínio de atuação, amálgamas e ambivalências

Autores

  • Eliana Tavares dos Reis Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Igor Gastal Grill Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n37p143

Resumo

O artigo analisa o espaço das fundações partidárias no Brasil. Esse domínio de atuação é percebido como veículo e reflexo de processos de politização. O estudo está alicerçado em dois eixos: 1) a configuração (estrutural e sociográfica) dessas entidades e a relativa autonomia ou dependência que possuem vis-à-vis às organizações partidárias; 2) as intersecções possíveis entre lógicas e domínios políticos e intelectuais a partir da exploração desse âmbito específico de atuação. São, então, cotejados dados referentes à emergência e à cronologia de criação das fundações partidárias, à estrutura organizacional das mesmas (sites; sedes; setores; divisão de tarefas/papéis; exigências de especialistas variados; produtos como livros, revistas, cursos; receitas; etc.) via informações disponíveis na internet, bem como ao perfil social, político e cultural dos presidentes e ex-presidentes. Foi examinado ainda especificamente o caso da Fundação Perseu Abramo do Partido dos Trabalhadores.

Biografia do Autor

Eliana Tavares dos Reis, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Docente e Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (UFMA). Coordena o Laboratório de Estudos sobre Elites Políticas e Culturais (LEEPOC). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

Igor Gastal Grill, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Docente e Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (UFMA). Coordena o Laboratório
de Estudos sobre Elites Políticas e Culturais (LEEPOC). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

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Publicado

2017-12-22

Edição

Seção

Dossiê Temático