Quem habita o corpo trans?
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157698Resumo
Neste artigo são comparados os discursos produzidos pelo movimento transfeminista, pela medicina e pela psicanálise, buscando pontos de encontro e de divergência em relação à questão do corpo em pessoas trans. Realizamos uma revisão bibliográfica através da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. As categorias que se destacaram foram: saúde/doença (medicina), autonomia (movimento transfeminista) e subjetividade (psicanálise). Os três discursos, articulados através dessas categorias, tornaram evidente a existência de diferentes sentidos atribuídos ao corpo, a partir da produção de verdades de cada um. O diálogo, necessário quando se trata de intervenções corporais, reivindicação de direitos ou compreensão do eventual sofrimento, pode ou não ocorrer, a depender do regime discursivo em que o sentido ao corpo é atribuído.
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