Carolina Maria de Jesus e o pensamento liminar na literatura brasileira
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n260635Resumo
Neste artigo tratamos da vida e obra de Carolina Maria de Jesus, tendo por base seus escritos publicados. Objetivamos, nesse sentido, problematizar, a partir da obra da referida autora, os reflexos da (des)colonialidade na construção das relações entre gênero e raça na sociedade brasileira. O estudo encontra amparo teórico no campo da (des)colonialidade, em diálogo com a pedagogia crítica e o feminismo. As análises reforçam o quanto a palavra escrita contribuiu com a densidade das percepções de Carolina acerca dos distintos espaços; ao dizer a sua palavra, aprendeu também a pensar a sua existência, aprendeu com a própria história em um contínuo refazer-se no ato da escrita. Ressaltamos a escrita engajada, seu potencial de denúncia e de anúncio, sua contribuição para o feminismo interseccional e, ainda, a relação indissociável entre feminismo e (des)colonialidade.
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