Masculinidades indígenas nas Missões do Paraguai colonial (sécs. XVII-XVIII)
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n381952Palavras-chave:
indígenas, gênero, masculinidades, Missões, ParaguaiResumo
Aborda-se aqui o passado das Missões Indígeno-Jesuíticas do Paraguai colonial a partir
dos estudos sobre gênero e masculinidades. Em especial, concentra-se nas tensões entre categorias indígenas, como a maestria, e noções de masculinidades, durante a estruturação do projeto missional. Em um primeiro momento, acompanha-se o arco narrativo do cacique Guiraverá, um chefe-mestre a se redimensionar durante a fundação da missão de Jesus Maria, para em seguida, problematizar os limites da materialidade da masculinidade missional perante outros corpos ali também produzidos. Reserva-se à introdução a apresentação dos problemas e bases teóricas do projeto Entre o Arco e o Cesto, bem como às considerações finais, possíveis interpretações e limites surgidos ao longo da pesquisa.
Downloads
Referências
ALBERTI, Benjamin. “Archaeology, Men, and Masculinities”. In: NELSON, Sarah M. (org). Handbook of Gender in Archaeology. New York: Altamira Press, 2006. p. 401-434.
ANÔNIMO. “Ânnua de las doctrinas del Paraná”. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1695.
ANÔNIMO. “Ânnua del Pueblo de La Cruz”. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1690.
ANÔNIMO. “Relação incompleta sobre a fundação e trabalhos da redução de S. Pablo del
Inay”. Cerca de 1631”. In: CORTESÃO, Jaime (org.). Jesuítas e Bandeirantes no Guairá. Rio de
Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951. p. 375-378.
BAPTISTA, Jean. “‘Machorras’ e ‘Afeminados’ indígenas”: corpos abjetos nas Missões Paraguai”.
Revista Estudos Feministas, Florianópolis, [no prelo]. 2021b.
BAPTISTA, Jean. “Entre o arco e o cesto: notas Queer sobre indígenas heterocentrados nos museus e na Museologia”. Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, v. 61, n. 17, p. 43-65, 2021a.
BAPTISTA, Jean. O eterno: Dossiê Missões II. Brasília/São Miguel das Missões: Instituto Brasileiro de Museus/Museu das Missões, 2015b.
BAPTISTA, Jean. O temporal: Dossiê Missões I. Brasília/São Miguel das Missões: Instituto Brasileiro de Museus/Museu das Missões, 2015a.
BAPTISTA, Jean; WICHERS, Camila; BOITA, Tony. “Mulheres indígenas nas Missões: patrimônio
silenciado”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 3, 2019.
BELAUNDE, Luisa Elvira. “O estudo da sexualidade na etnologia”. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 24, n. 24, p. 399-411, 2016.
BENITES, Sandra. Viver na língua guarani nhandewa (mulher falando). 2018. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social) – Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.
BOROA, Diego de. “Décima cuarta Carta ânnua en donde se relaciona todo lo acaecido en los
años 1635-1637”. In: Documentos para Historia Argentina. Buenos Aires: Faculdad de Filosofia y Letras, 1929. p. 439-768.
BRITO, Leandro. “Da masculinidade hegemônica à masculinidade queer/cuir/kuir:disputas no
esporte”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 2, 2021.
BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. New York: Roudedge, 1993.
CARDIEL, Jose. Declaración de la verdad. Buenos Aires: Imprenta de Juan Alsina, 1991.
CHAMORRO, Graciela. Decir el cuerpo: historia e etnografia del cuerpo en los pueblos Guarani. Asunción: Tiempo de Historia, 2009.
CLASTRES, Pierre. Crônica dos índios Guayaki: o que sabem os Aché caçadores nômades do
Paraguai. São Paulo: Editora 34, 1995.
COLPRON, Anne-Marie. “Monopólio masculino do xamanismo amazônico: o contra-exemplo das mulheres xamã shipibo-conibo”. Mana, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 95-128, 2005.
CONNELL, Robert. Masculinity. Berkeley: University of California Press, 1995.
CONNELL, Robert; MESSERSCHMIDT, James. “Masculinidade hegemônica: repensando o conceito”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, 2013.
DAINESE, Graziele; SERAGUZA, Lauriene; BELAUNDE, Luisa Elvira. “Sobre gêneros, arte, sexualidade e a falibilidade destes e de outros conceitos: Entrevista com Luisa Elvira Belaunde Olschewski”. Revista Ñanduty, v. 4, n. 5, p. 286-307, 2016.
DONVIDAS, Tomás. “Reglamento general de Doctrinas enviado por el Provincial P. Tomás
Donvidas, y aprobado por el General P. Tirso em 1689”. In: HERNÁNDEZ, P. Organización social de las doctrinas guaraníes de la Compañia de Jesús. Barcelona, 1689. p. 593-599.
DURÁN, Nicolau. “Carta ânua do Padre Nicolau Durán em que dá conta do estado das reduções da Província do Paraguai de 1628”. In: CORTESÃO, Jaime (org.). Manuscritos da Coleção De Angelis: jesuítas e bandeirantes no Guairá. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951. p. 203-258.
FAUSTO, Carlos. “Donos demais: maestria e domínio na Amazônia”. Mana, Rio de Janeiro, v. 14,
n. 2, p. 329-366, 2008.
FERNANDES, Rafael. Decolonizando sexualidades. 2015. Doutorado (Programa de PósGraduação em Ciências Sociais, Estudos Comparados sobre as Américas do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas) – Universidade de Brasília, Distrito Federal, DF, Brasil.
FLECK, Eliane. “De mancebas auxiliares do demônio a devotas congregantes: mulheres e
condutas em transformação (reduções jesuítico-guaranis, séc. XVII)”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 617-634, 2006.
FRANCHETTO, Bruna. “Apresentação. Dossiê Mulheres Indígenas”. Revista Estudos Feministas,
Florianópolis, v. 7, n. 1 e 2, p. 141-142, 1999.
GARCIA, Elisa. “A educação indígena nos confins da América Portuguesa”. História (São Paulo),
v. 40, 2021.
HARRIS, Olivia. “Condor and bull. The ambiguities of masculinity in Northern Potosí”. In: HARAVEY, P.; GOW, P. (Orgs.). Sex and violence. Issues in representation and experience. New York: Routledge, 1994. p. 138-155.
HEILBORN, Maria Luiza; CARRARA, Sérgio. “Em cena, os homens”. Revista Estudos Feministas,
Florianópolis, v. 6, n. 2, p. 370-375, 1998.
LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política
democrática radical. São Paulo: Intermeios, 2015.
LASMAR, Cristiane. De volta ao Lago de Leite: gênero e transformação no Alto Rio Negro. São
Paulo: Editora UNESP, 2005.
LEA, Vanessa. “Desnaturalizando gênero na sociedade Mebengokre”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 7, n.1-2, p. 176-194, 2000.
LÉVI-STRAUSS, Claude. História de Lince. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
LUGONES, Maria. “Colonialidad y género”. Tabula Rasa, Bogotá, n. 9, p. 73-101, 2008.
LUGONES, Maria. “Rumo a um feminismo descolonial”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.
MASSETA, Simão. “Carta do Padre Simão Masseta para o Provincial Nicolau Durán, dando-lhe
conta da fundação da redução de Jesus Maria, na terra dos taiaobas e os trabalhos sofridos.
Jesus Maria. 1629”. In: CORTESÃO, Jaime (Org.). Jesuítas e bandeirantes no Guairá. Rio de
Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951. p. 300-303.
MCCALLUM, Cecilia. “Nota sobre as categorias ‘gênero’ e ‘sexualidade’ e os povos indígenas”.
Cadernos Pagu, Campinas, v. 41, p. 53-61, 2013.
MELIÀ, Bartomeu. “Entrevista Palavras ditas e escutadas”. Mana, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p.
-199, 2013.
MELIÀ, Bartomeu. El guaraní conquistado y reducido. Asunción: Biblioteca Paraguaya de
Antropologia, 1988.
MERUANE, Paulina Salinas; CARVAJAL, Susana Arancibia. “Discursos Masculinos sobre el Poder de las Mujeres en Chile”. Última década, Santiago, v. 14, n. 25, 2006.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. La Invención de las Mujeres: Una perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género. Bogotá: Editora en la frontera. 2017.
POMPA, Cristina. “O profetismo Tupi Guarani: a construção de um objeto antropológico”. Revista de Indias, v. 230, p. 141-174, 2004.
RAMOS, Antônio Dari. Tribunal de gênero. São Leopoldo: Oikos, 2016.
RICH, Adrienne. “Heterossexualidade compulsória e existência lésbica”. Bagoas, Natal, v. 4, n. 5, p. 17-44, 2012.
ROMERO, Pedro. “Cartas ânuas das reduções do Paraná e Uruguai de 1634”. In: VIANNA, Hélio
(Org.). Jesuítas e Bandeirantes no Uruguai. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1970. p. 80-144.
RUIZ DE MONTOYA, Antonio. “Carta anua do Padre Antonio Ruiz, Superior da Missão do Guairá, dirigida em 1628 ao Padre Nicolau Duran, Provincial da Companhia de Jesus”. In: CORTESÃO, Jaime (Org.). Jesuítas e Bandeirantes no Guairá. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951b. p. 259-298.
RUIZ DE MONTOYA, Antonio. “Relação da origem e estado atual das reduções de Los Angeles, Jesus Maria e Conceição dos Gualachos. 1630”. In: CORTESÃO, Jaime (Org.). Jesuítas e Bandeirantes no Guairá. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951a. p. 342-351.
RUIZ DE MONTOYA, Antonio. Arte y Bocabulario de la Lengua Guarani. Madrid: Juan Sanchez,
RUIZ DE MONTOYA, Antonio. Conquista Espiritual. Madrid: Imprenta del Reyno, 1639.
RUIZ DE MONTOYA, Antonio. Vocabulario y Tesoro de la lengua Guarani, ó mas bien tupi. Viena/Paris: Faesy y Frick/Maisonneuve, 1876.
SALIH, Sarah. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
SAMPAIO TUKANO, Daiara Hori Figueroa. Ukushe kiti niishe. Direito à memória e à verdade na
perspectiva da educação cerimonial de quatro mestres indígenas. 2018. Mestrado (Mestrado
em Direitos Humanos e Cidadania) – Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
SCHADEN, Egon. Aspectos fundamentais da cultura Guarani. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974.
SEGATO, Rita. “Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário
estratégico descolonial”. E-Cadernos Ces, Coimbra, v. 18, p. 105-131, 2012.
SEPP, Antônio. Viagem às Missões Jesuíticas e trabalhos apostólicos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
STRATHERN, Marilyn. “No limite de uma certa linguagem”. Mana, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 157-175, 1999.
STRATHERN, Marilyn. The gender of the gift: problems with Women and Problems with Society in Melanesia. Los Angeles: University of California Press, 1988.
VITAR, Beatriz. “El poder jesuítico bajo amenaza. Importancia de las ‘viejas’ en las misiones
del Chaco (siglo XVIII)”. In: ESCUDERO, G.; CUETOS, A. (Orgs.). Estudios sobre América. Sevilla:
Asociación Española de Americanistas, 2005. p. 1339-1352.
VITAR, Beatriz. “Hilar, teñir y tejer”. Anuario de Estudios Americanos, v. 72, n. 2. 2015.
VITAR, Beatriz. “Prácticas abortivas entre las indígenas chaqueñas en el siglo XVIII”. Revista
Iberoamericana de Educación, p. 455-472. 1999.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”.
Mana, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2. 1998.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac y Naify, 2011.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista Estudos Feministas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.