Naturalização da dominação e poder legítimo na teoria política clássica

Autores

  • Eleni Varikas Université Paris VIII – Saint Denis

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0104-026X2003000100010

Resumo

A reflexão aqui desenvolvida aborda uma das maiores antinomias políticas do pensamento político moderno: aquela que consiste em fazer da comunidade política um artifício humano, fundamentando-a, ao mesmo tempo, em bases pré-políticas, anteriores à ação humana. Ao reinventar o político como espaço de liberdade, os modernos reinventaram o natural como limite dessa liberdade humana que a religião já não estava em condições de conter. Nesse contexto, a caça às bruxas decorre tanto de um obscurantismo religioso ou supersticioso quanto de uma iniciativa racional fundada na eficácia. As implicações políticas do politeísmo cognitivo, que explode na pluralidade das percepções científicas da natureza humana e da natureza das coisas, estabelecem um estreito laço entre a constituição da autoridade da “ciência” moderna, como modelo de conhecimento da natureza, e a constituição da autoridade religiosa e temporal. A naturalização da hierarquia dos sexos no mundo moderno é, ao mesmo tempo, o arquétipo e o sintoma desse processo histórico que desloca a legitimação da dominação do âmbito religioso para o da natureza.

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Publicado

2003-01-01

Como Citar

Varikas, E. (2003). Naturalização da dominação e poder legítimo na teoria política clássica. Revista Estudos Feministas, 11(1), 171. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2003000100010

Edição

Seção

Artigos