Zombaria como arma antifeminista: instrumento conservador entre libertários
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0104-026X2005000300008Resumo
Nos anos 1960, em meio à rebelião contracultural, acompanhada pela luta dos negros norte-americanos em busca dos direitos civis e pelos protestos contra a guerra do Vietnam, emerge a rebelião das mulheres. Irrompe uma nova vaga feminista nos Estados Unidos e na Europa, a qual também se manifestou vivamente no Brasil. Apontavam tais mulheres como uma mistificação a separação entre o público e o privado, entre o pessoal e o político, insistindo sobre o caráter estrutural da dominação, expresso nas relações da vida cotidiana. Dominação cujo caráter sistemático apresentava-se obscurecido, como se fosse produto de situações pessoais. No momento, o Brasil via-se acossado pela ditadura militar, destacando-se o empenho de alguns, inspirados nos ideais da contracultura, em opor-se ao regime, combatendo o autoritarismo e promovendo a crítica de costumes. A ridicularização era a sua arma, ressaltandose, nesse particular, os membros do jornal O Pasquim. Paradoxalmente, porém, a mordacidade de muitos de seus articulistas voltou-se, igualmente, contra as mulheres que lutavam por direitos ou que assumiam atitudes consideradas inadequadas ao modelo tradicional de feminilidade e às relações estabelecidas entre os gêneros. Ridicularizavam as militantes, utilizando-se dos rótulos de “masculinizadas, feias, despeitadas”, quando não de “depravadas, promíscuas”, no que conseguiam tais articulistas grande repercussão. Depreende-se dessa conduta o temor da perda do predomínio masculino nas relações de poder entre os gêneros, no que evidenciavam forte conservadorismo, contrastante com a atitude vista como libertária de alguns desses elementos em outras situações.
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