Sobre tradutibilidade e intradutibilidade em Walter Benjamin

Autores

  • Burghard Baltrusch Universidade de Vigo (UVigo). Vigo, Galiza, Espanha

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n2p32

Resumo

O Vocabulaire européen des philosophies. Dictionnaire des intraduisibles define a noção do intraduzível como “aquilo que não cessamos de (não) traduzir”. Um exemplo paradigmático de um texto continuamente traduzido desde a segunda metade do século XX é o ensaio fundacional da teoria da tradução moderna, “A tarefa do tradutor” de Walter Benjamin. A partir de um breve panorama de 27 traduções ibero- -românicas, italianas, inglesas e francesas, desde 1962 e com especial ênfase no caso brasileiro, este estudo pretende oferecer uma reflexão em torno às questões de tradutibilidade e intradutibilidade em Walter Benjamin. Analizar-se-ão algumas das passagens mais complexas da Tarefa para ilustrar como a teoria benjaminiana tenta resignificar a ideia do original a partir da noção de um “continuum de transformações”. Argumentar- -se-á, também, que o conceito da “pura língua” pode ser entendido como um essencialismo estratégico, uma ferramenta discursiva para negociar entre o traduzível e o intraduzível.

Biografia do Autor

Burghard Baltrusch, Universidade de Vigo (UVigo). Vigo, Galiza, Espanha

Burghard Baltrusch é professor de Literaturas Lusófonas na Universidade de Vigo, investigador do grupo GAELT da mesma universidade e do Instituto de Literatura Comparada Margarida da Universidade do Porto. É presidente da I Cátedra Internacional José Saramago e desenvolve pesquisas sobre as obras de Fernando Pessoa e José Saramago, a poesia actual e a teoria da tradução. Coordena actualmente o projecto “Poesía actual y política” (POEPOLIT, FFI2016-77584-P, financiado pelo Ministério de Economia e Competitividade da Espanha) e é coordenador do Programa de Doutoramento Interuniversitário em Estudos Literários (Vigo/A Coruña). Foi presidente da Asociación Internacional de Estudos Galegos e organizou vários congressos internacionais. Publicou ou editou os livros Bewußtsein und Erzählungen der Moderne im Werk Fernando Pessoas (Peter Lang, 1997), Kritisches Lexikon der Romanischen Gegenwartsliteraturen (5 vols., coed. com W.-D. Lange et al., G. Narr-Verlag, 1999), Soldando Sal. Galician Studies in Translation and Paratranslation (coed. com G. Pérez, Peter Lang 2010), Non-Lyric Discourses in Contemporary Poetry (coed. com I. Lourido, Peter Lang, 2012), Lupe Gómez: libre e estranxeira - Estudos e traducións (Frank & Timme, 2013), “O que transformou o mundo é a necessidade e não a utopia” - Estudos sobre utopia e ficção em José Saramago (Frank & Timme, 2014). https://uvigo.academia.edu/BurghardBaltrusch

Referências

BADIOU, Alain. Theoretical Writings. Edited and translated by Ray Brassier and Alberto Toscano. London: Continuum, 2004.

BALTRUSCH, Burghard. Translation as Aesthetic Resistance: Paratranslating Walter Benjamin, Cosmos and History: The Journal of Natural and Social Philosophy, v. 6, n. 2, p. 113-129, 2010.

BENJAMIN, Walter. Über die Sprache überhaupt und über die Sprache des Menschen. In: TIEDEMANN, R.; SCHWEPPENHÄUSER, H. (eds.). Gesammelte Schriften. Frankfurt/Main: Suhrkamp [1916] 1991. vol. II. p. 140-157.

______. Die Aufgabe des Übersetzers. In: TIEDEMANN, R.; SCHWEPPENHÄUSER, H. (eds.). Gesammelte Schriften. Frankfurt/Main: Suhrkamp [1923] 1991. vol. IV:1. p. 9-21.

______. Über den Begriff der Geschichte. In: TIEDEMANN, R.; SCHWEPPENHÄUSER, H. (eds.). Gesammelte Schriften. Frankfurt/Main: Suhrkamp 1991. vol. I:1. p. 691-706.

BHABHA, Homi K. The location of culture. London: Routledge, 1994.

CAMPOS, Haroldo de. A língua pura na teoría da tradução de Walter Benjamin. Revista USP, v. 33. p. 160-171, 1997.

CASSIN, Barbara. Vocabulaire européen des philosophies. Dictionnaire des intraduisibles. Paris: Le Seuil; Le Robert, 2004.

DERRIDA, Jacques. Des tours de Babel. In: ______. Psyché – inventions de l’autre. Paris: Galilée, 1987. p. 203-236.

______. L’oreille de l’autre: otobiographies, transferts, traductions: Textes et debats avec Jacques Derrida. Ed. por C. Levésque y C. McDonald. Montreal: VLB, 1982.

FELLINGER, Markus et All. Gustav Klimt im Belvedere – Vergangenheit und Gegenwart. In: HUSSLEIN-ARCO, Agnes; WEIDINGER, Alfred (eds.). Gustav Klimt – 150 Jahre. Viena: Belvedere, 2012. p. 31-280.

FLIEDL, Gottfried. Gustav Klimt 1862-1918. Die Welt in weiblicher Gestalt. Köln: Taschen, 1989.

GADAMER, Hans-Georg. Hermeneutik I. Wahrheit und Methode. Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik. Tübingen: J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1990.

HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Tradução, comentário e notas de Laura de Borba Moosburger. Dissertação de Mestrado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2007.

LAGES, Susana Kampff. Walter Benjamin. Tradução e Melancolia. São Paulo: EDUSP, 2002.

LEYTE, Arturo. ¿Hermenéutica del texto o hermenéutica de la cosa?. In: _____. El paso imposible. Madrid: Plaza y Valdés, 2013. p. 221-233.

NOVALIS (i.e. Georg Philipp Friedrich von Hardenberg). Fragmente. Bruchstücke philosophischer Enzyklopädistik. Der poetische Philosoph und der philosophische

Poet. Ed. por Ernst Kamnitzer. Dresden: Jess Verlag 1929. Disponível em: <http://gutenberg.spiegel.de/buch/fragmente-6618/5>. Acesso em: 11 mar. 2017.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Subaltern Studies: Deconstructing Historiography. In:______. In Other Worlds: Essays in Cultural Politics. New York: Methuen, 1987. p. 197-221.

Downloads

Publicado

11-05-2018

Como Citar

Baltrusch, B. (2018). Sobre tradutibilidade e intradutibilidade em Walter Benjamin. Cadernos De Tradução, 38(2), 32–60. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n2p32

Edição

Seção

Artigos