Culturas infantis: a reiteração e as concepções de tempo na Educação Infantil

Autores

  • Susana Angelin Furlan Doutoranda em Educação pela Unesp campus de Rio Claro
  • José Milton de Lima Programa de pós-graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia- Unesp- campus de Presidente Prudente. https://orcid.org/0000-0001-5519-2618
  • Márcia Canhoto de Lima Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia -FCT-Unesp https://orcid.org/0000-0003-2435-923X

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2019v21n39p81

Resumo

O presente artigo retrata uma pesquisa realizada em um município no interior paulista que objetivou aprofundar o conhecimento sobre o eixo das Culturas da infância, a Reiteração, e sobre concepções de tempo infantil das professoras investigadas, bem como conhecer e analisar as reações das em relação a tais posicionamentos. Foram sujeitos da pesquisa duas professoras de duas salas do Infantil I, com as crianças de 3 a 4 anos de idade. A metodologia utilizada baseou-se no enfoque qualitativo, caracterizada como etnografia.. Verificou-se, a partir da bibliografia, que há várias concepções de tempo: Chronos, Kairós e Aión, sendo que o Chronos, o tempo das rotinas é o que mais impera dentro da escola. As crianças, porém, reinventam o tempo delas e assim criam o que nominamos de um novo entendimento de tempo, o Kaiônico, ou a reiteração, marcado pelo modo subjetivo de entender das crianças, brincando com as horas do relógio, parando-as e retomando-as quando querem.

Biografia do Autor

Susana Angelin Furlan, Doutoranda em Educação pela Unesp campus de Rio Claro

Atualmente é professora de Educação Fisica na rede municipal de Capivari. Doutoranda no programa de Pós-Graduação em Educação, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Rio Claro, sob orientação da Profª Drª Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo. Mestra pelo Programa de pós-graduação em Educação da FCT-UNESP de Presidente Prudente, bolsista Fapesp com a temática tempo e Educação Infantil. Graduada em Educação Física pela FCT-UNESP, campus de Presidente Prudente, com experiência de três anos como bolsista de Iniciação Cientifica financiada pela CNPQ-PIBIC na temática de Mídias televisivas e Educação Infantil. Participa do Grupo de Estudos e Pesquisas Linguagem-Experiência-Memória-Formação-GEP-Linguagens (CNPq), Laboratório Escriarte.

José Milton de Lima, Programa de pós-graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia- Unesp- campus de Presidente Prudente.

Livre-docente em Educação Física infantil pela FCT-Unesp, campus de Presidente Prudente (2018). Pós-doutor pela Universidade de Salamanca na Espanha (2013). Pós-doutor junto à Faculdade de Ciências de Bauru (2008). Doutor em Educação pela FFC- Unesp de Marília (2003). Mestre em Educação pela FFC- Unesp Marília (1995). Possui licenciatura plena em Educação Física e graduação em Pedagogia. Atualmente atua como docente do departamento de Educação e no Programa de pós-graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia- Unesp- campus de Presidente Prudente.

Márcia Canhoto de Lima, Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia -FCT-Unesp

Livre Docente do Departamento de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia ? Unesp, Campus de Presidente Prudente. Graduada em Educação Física pela Faculdade de Ciências e Tecnologia ? UNESP de Presidente, (FCT/UNESP/PP), em 1989. Concluiu o mestrado 2002 e o doutorado 2006 no Programa de Pós-Graduação em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp de Marília. Fez o Pós-Doutorado no ano de 2012 na Universidade de Salamanca na Espanha, com o Prof. Dr. Fernando Gil Villa da Faculdade de Ciências Sociais do Departamento de Sociologia, tendo como tema: "Culturas Juvenis na Escola: Uma Interlocução com a Produção De Pesquisadores Espanhóis". Concluiu a Livre Docência em abril de 2018, em Educação Física escolar. Exerce o cargo de Professora Assistente Doutora, em Regime de Dedicação Integral a Docência e a Pesquisa (RDIDP). Foi Chefe do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus de Presidente Prudente. Coordena o Centro de Estudo e Pesquisa em Educação, Ludicidade, Infância e Juventude (CEPELIJ) e é Lider do Grupo de Pesquisa: Cultura Corporal, Saberes e Fazeres, cadastrado no CNPQ. Ministra atualmente as disciplinas: Educação Física Escolar III e Práticas Curriculares em Educação Física Escolar III, Atividades Lúdicas e Lazer e Práticas Curriculares em Atividades Lúdicas e Lazer, Estagio Supervisionado em Recreação e Lazer no Curso de Educação Física. Também ministra a disciplina: Crianças e Jovens no Contexto Escolar: Concepções e Práticas, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia- Unesp de Presidente Prudente. Desenvolve pesquisas e projetos de intervenção, sobre culturas juvenis e os jovens alunos do Ensino Médio, a atividade lúdica como recurso pedagógico no contexto da Educação Infantil e Ensino Fundamental, as culturas infantis, as culturas juvenis e a Educação Física na Educação Básica. Coordena os seguintes Projetos de Pesquisa e Intervenção: - Projeto PIBID: ?A formação de professores de Educação Física para a Educação Básica a partir da interlocução entre Infância, Juventude, Educação e Cultura Corporal de Movimento?, financiado pela CAPES. ?A Educação Física no Ensino Médio e as Culturas Juvenis: Em Busca de Interlocução?. ?As culturas da infância como eixos para a qualificação do trabalho pedagógico no contexto da Educação Infantil?; - ?A construção de uma proposta de Educação Infantil: pautada no respeito às culturas da infância?, financiados pela PROEX- UNESP, entre outros. Desenvolve atualmente o projeto de pesquisa: ?Educação Física no Ensino Médio como Prática Humanizadora: interlocução entre a Sociologia da Juventude e os princípios freireanos?. Tem experiência na área de Gestão Educacional e, atualmente, tem como tema de estudo e investigação: a Educação Física no Ensino Médio, abordando principalmente os seguintes elementos: Sociologia da Juventude, Culturas Juvenis: Cultura Corporal de Movimento, humanização.

Referências

ANDRADE, LBP. Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 193 p.

AGAMBEN, G. Infância e história: Destruição da experiência e origem da história. Editora UFMG, 2014. 186 p.

BENJAMIN, W. Reflexões sobre o brinquedo, a criança e a educação, SP, Ed. 34, 2007.

BOCHORNY, J. Cultura lúdica e televisão: mediações no contexto escolar. 2012. 157 f. Dissertação (Mestre) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP, Pres. Prudente, 2012.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. 36 p.

CHISTÉ, Bianca Santos. Infância, imagens e vertigens. São Paulo: Cultura Acadêmica- Editora Unesp, 2015. 157 p.

CHISTÉ, Bianca Santos; LEITE, César Donizetti Pereira e OLIVEIRA, Luana Priscila de. Devir-criança da Matemática: experimentações em uma pesquisa com imagens e infâncias. Bolema [online]. 2015, vol.29, n.53, pp.1141-1161. ISSN 0103-636X.

CORSARO, W. A. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed; 2011.

DELEUZE, G. A imagem tempo- Cinema 2. São Paulo: Brasiliense, 2007.

DUQUE, E. “Contributos para uma crítica da aceleração do tempo”. In: ARAUJO, E.; DUQUE, E. (Org.).Os tempos sociais e o mundo contemporâneo. Um debate para as Ciências Sociais e Humanas, Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade/Centro de Investigação em Ciências Sociais, 2012.

HORTA, Mauricio; BOTELHO, José Francisco; NOGUEIRA, Salvador. Mitologia: Deuses, Heróis, lendas. São Paulo: Abril, 2012.

KOHAN, W.O. Infância. Entre educação e filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

KOHAN, W. O. A infância da educação: o conceito devir-criança. Educação Pública, CECIERJ, Biblioteca educação. 2004. Recuperado de <<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0184.htm>>

KUSCHNIR, K. Uma pesquisadora na metrópole: Identidade e socialização no mundo da politica. In: VELHO, Gilberto; Karina Kudchinir (Orgs) Pesquisas urbanas: Desafios do trabalho antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2003. p. 20-42.

LEITE, C. D. P. Infância, tempo e imagem: contornos para uma infância da educação. Teoria & Prática, Campinas, v. 34, n. 68, p.13-28, dez. 2016.

MASSCHLEIN, J. E-ducando o Olhar: a necessidade de uma pedagogia pobre. Educação e Realidade. São Paulo, v. 33, n.1, p. 35-48, jan/jun. 2008.

MOMM, C M. Sobre a infância e sua educação: Walter Beijamin e Hannah Arendt. 2011. 176 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

NÍDIO, A. O tempo das crianças e as crianças deste tempo in Araújo, E. & Duque, E. (Org.). Os tempos sociais e o mundo contemporâneo. Um debate para as Ciências Sociais e Humanas, Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade/Centro de Investigação em Ciências Sociais, 2012.

POHLMANN, A. R. Intuições sobre o tempo na criação em artes visuais. Revista do Centro de Educação- Ufsm, Santa Maria, v. 31, n. 2, p.1-5, jul. 2006.

SANCHES, Eduardo Oliveira; SILVA, Divino José da. Eu vo lá ontem, papai! Experiências e culturas infantis : reflexões sobre a infância e temporalidade recursiva. Educação e Sociedade, Campinas, v. 37, n. 135, p.497-516, abr. 2016.

SARMENTO, M. J. Infância, Exclusão Social e Educação como utopia realizável. In.: Educação e Sociedade, n.78, abril 2002.

SARMENTO, M, J As culturas da Infância nas encruzilhadas da 2º modernidade. 2003. <http://cedic.iec.uminho.pt/cedic/Textos_de_Trabalho/textos/encruzilhadas.pdf>. Acesso em 05/05/2007.

SILVA, P. V. A. A criança em Walter Benjamin: a arte da brincadeira e o inteiramente novo. Caderno Walter Benjamin, Ceará, v. 18, n. 18, p.77-88, Jan a jun. 2017.

SILVEIRA, R. M H. A entrevista na pesquisa em educação- uma arena de significados. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos investigativos II: Outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. Rio de Janeiro: Dp&a Editora, 2002. p. 120-141

URIARTE, U. M. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe, 6, dezembro 2012. Urpi Montoya Uriarte. Disponível em<<http://pontourbe.revues.org/300 ; DOI : 10.4000/pontourbe.300>>Acesso em 11 de junho de 2016.

VELHO, G. O desafio da proximidade. In: VELHO, Gilberto; Karina Kudchinir (Orgs). Pesquisas urbanas: Desafios do trabalho antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2003. p. 11-19.

VIANNA, H. M. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Liber Livro Editora, 2007.

VIÉGAS, L. S. Reflexões sobre a Pesquisa Etnográfica em Psicologia e Educação. Diálogos Possíveis, Salvador, v. 6, n. 1, p. 102-123, jan./jun. 2007.

Downloads

Publicado

2019-03-27