Onde estão as crianças que estavam aqui? – Antropologia com crianças em instituições

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2019v21n40p343

Resumo

O trabalho procurou colocar no centro dos estudos a experiência de crianças que residem temporariamente em instituições especializadas em acolher. Objetivou-se alcançar noções de criança e família, noções de vida e de cuidado, no contato com crianças e adolescentes acolhidos em instituições de proteção social. Também foi de interesse do trabalho, investir no aprofundamento da prática etnográfica e da escuta de narrativas com crianças. Entre os fios que tecem o debate estão os estudos antropológicos sobre crianças e as práticas especializadas que fundamentam os serviços de atenção à crianças, adolescentes e famílias, no campo da saúde e da assistência social, no Brasil. Trata-se de um campo que se constitui de contextos etnográficos, a partir dos quais se articulam redes e cruzamentos de práticas, mediações, conexões que não podem ser restringidas a ideia de uma delimitação espacial, posto que formam circuitos maleáveis e transitórios.

Biografia do Autor

Mirella Alves de Brito, INCT - Instituto Brasil Plural TRANSES - Núcleo de Antropologia do Contemporâneo/PPGAS/UFSC

Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí (1993), Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina - PPGAS/UFSC (2007). Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina - PPGAS/UFSC (2014). Foi professora titular da Universidade do Vale do Itajaí no período de 2001/1 a 2010/1, onde no semestre de 2009/1 foi Coordenadora do Curso de Psicologia no Campus de Biguaçu. Tem experiência em Psicologia, com ênfase em Psicologia Social; atuando principalmente nos seguintes temas: violência, processos de subjetivação, gênero/sexualidade , estatuto da criança e do adolescente; criança e adolescente em situação de vulnerabilidade, populações carcerárias e formas de aparentamento; e políticas públicas. No período de 2005 a 2008 coordenou o Curso de Formação em Psicologia Social vinculado ao Instituto Sarapiquá-IPPSEA. No doutorado pesquisou as noções de famílias, sujeito e parentesco em processos de adoção em Florianópolis, bem como os modos de tornar-se sujeito em espaços de institucionalização de crianças. Vinculada ao Núcleo de Pesquisa TRANSES - Núcleo de Antropologia da Contemporâneo. Realizou estágio doutoral na EHESS/IRIS (Paris), sob orientação do Professor Éric Fassin no período de 12/2011 a 04/2012. Entre fevereiro de 2015 e março de 2017, desenvolveu atividades de docência no Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE/FEBAVE), na cidade de Orleans, SC, lecionando as disciplinas de Psicologia Social-Comunitária; Psicologia Jurídica; fundamentos Epistemológicos em Psicologia e Antropologia Social, todas para o Curso de Psicologia daquela IES. Atualmente (desde agosto/2014) desempenha a função de docente no Curso de Psicologia da Estácio Santa Catarina, campus São José, atuando como docente, supervisora de estágio em psicologia clínica e psicologia da saúde, orientando pesquisas vinculadas aos campos de estágio e coordenando o Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAPP) daquela unidade. Também desenvolve atividades de pesquisa vinculada ao Instituto Brasil Plural - INCT, cujo principal objetivo é o de desenvolver pesquisas que permitam uma visão mais ampla e articulada da realidade brasileira e, um conjunto de ações que subsidiem políticas públicas. Entre novembro de 2014 e fevereiro de 2015, atuou como colaboradora na Comissão de Políticas Públicas do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis (CMDCA) e também como assessora na elaboração do Plano Decenal de Políticas para a Infância, no mesmo Conselho. Presidente do Grupo de Apoio à Adoção - Familiarizando a adoção em Florianópolis (GRUFA), desde 2016. Pesquisadora Avaliadora e Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estácio - SC (CEP/CONEP)

Referências

ARIÈS, Philippe. A história social da criança e da família. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1981.

BRITO, Mirella Alves O caldo na panela de pressão: um olhar etnográfico sobre o presídio para mulheres em Florianópolis. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social. UFSC: PPGAS/UFSC, 2007.

BRITO, Mirella Alves de. Entre cobras e lagartixas: crianças em instituições de acolhimento se construindo sujeitos na maquinaria da proteção integral. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Orientadora, Sônia Weidner Maluf. Florianópolis: PPGAS/UFSC, 2014.

CORSARO, William. Entrada no campo, aceitação e natureza da participação nos estudos etnográficos com crianças pequenas. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 91, p. 443-464, Maio/Ago. 2005.

DEL PRIORI, Mary (org.) História das Crianças no Brasil. (2ª ed.) São Paulo: Contexto, 2000.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol.1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol.3. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol.4. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997.

FIANS, Guilherme. Entre crianças, personagens e monstros: uma etnografia de brincadeiras infantis. Rio de Janeiro: Ponteio, 2015

FONSECA, Claudia. Caminhos da Adoção (2ª ed.) São Paulo: Cortez, 2002.

FONSECA, Claudia. Da circulação de crianças à adoção internacional: questões de pertencimento e posse, Cadernos PAGU (26), p.11-4, 200.

FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

MARCUS, George. Ethnography in/of the world system: the emergence of multi-sited ethnography. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, California, v. 24, pp. 95-117, 1995.

MALUF, Sônia Weidner. Antropologia, narrativas e busca de sentido. In.: Horizontes Antropológicos. Porto Alegre: URGS, ano 5, n. 12, pp. 69 – 82, 1999.

GREGORI, Maria Filomena. Viração: experiências de meninos de rua, São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O Trabalho do Antropólogo (2ª ed.) Brasília: Paralelo 15; São Paulo: UNESP, 2000

PASSETTI, Edson. Crianças carentes e políticas públicas. In. DEL PRIORI, Mary Del. (org.) História das Crianças no Brasil. (2ª ed.) São Paulo: Contexto, 2000

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. In. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, p. 377-391, jul./dez. 2014

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. (4ª ed.) Rio de Janeiro: LTC, 2010:1964.

PIRES, Flavia. Ser adulta e pesquisar crianças: explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica, Quem tem medo de mal-assombro? Religião e Infância no semi-árido nordestino, Tese de Doutoramento em Antropologia Social, UFRJ-Museu Nacional, p.39-65, 2007.

RIZZINI, Irene e PILOTTI, Francisco (org.) A arte de governar crianças: a história das política sociais, da legislação e da assitência à infância no Brasil (3ª ed.) São Paulo: Cortez, 2011.

SARMENTO, Manuel Jacinto e MARCHI, Rita de Cássia. Radicalização da infância na segunda modernidade: Para uma Sociologia da Infância crítica. In: Configurações [Online], 4 | 2008, posto online no dia 12 fevereiro 2012, consultado em 19 abril 2019.

SILVA, Aracy; MACEDO, Ana Vera da Silva; NUNES, ngela (orgs.). Crianças Indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global, 2002.

TASSINARI, Antonella. Concepções Indígenas de Infância no Brasil In.: Revista Tellus, ano 7, n.13, outubro/2007, Campo Grande: UCDB, p.11-25, 2007

TASSINARI, Antonella. O que as crianças têm a ensinar a seus professores. In: Antropologia de Primeira Mão. Florianópolis: UFSC/PPGAS, v. 129, 2011.

TOREN, Christina. “Making history: the significance of childhood cognition for a comparative anthropology of mind” In. Man 28, p.461-478, 1993.

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naif, 2010.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Downloads

Publicado

2019-11-19