Rasuras e perspectivas macumbísticas para uma educação infantil inclusiva e antirracista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2023.e90781

Palavras-chave:

Macumbas., Inclusão, Racismo, Colonialidade, Pertencimento

Resumo

O ensaio propõe pensar a educação infantil como um território-terreiro formativo privilegiado, reconhecendo como urgente e necessária a problematização do racismo epistêmico no curso da geopolítica do conhecimento colonial e seus processos de colonialidade nos âmbitos do saber, do ser e do poder. Como sujeitos da experiência em diálogos com o pensamento decolonial e autores contemporâneos que discutem brasilidades, ponderamos que as epistemes macumbísticas, compreendidas como um feixe múltiplo de práticas culturais afrodiaspóricas, como as capoeiras e os candomblés, podem, como potências analíticas, mobilizar e ampliar as fronteiras e gramáticas formativas de novas gerações, na perspectiva inclusiva e antirracista, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e com a Lei 10.639/2003

Biografia do Autor

Norma Silvia Trindade Lima, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

Professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - FE/UNICAMP; Departamento de Ensino e Práticas Culturais - DEPRAC, Linha de pesquisa (8): Linguagem e Arte em Educação, Grupo de pesquisa Educação, Linguagem e Práticas Culturais - PHALA/campo de pesquisa: Educação e (re)existências em práticas culturais afro-diaspóricas e de povos indígenas. Integrante e graduada em capoeira (corda roxa e marron/professora) pelo Instituto Brasileiro de Esporte, Cultura e Arte, IBECA (2018). Principais temáticas de estudos/publicação: educação, inclusão, diferença, capoeira, práticas culturais afro-diaspóricas, pós-colonialismo/decolonialidade. Psicóloga pela Universidade Santa Úrsula (1985), Psicodramatista-Didata pelo Instituto de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo de Campinas (1997), Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2003), Pós-doutorado pela UFRJ/PPGBIOS (2023). https://orcid.org/0000-0001-6728-4675

Mariana Semião de Lima, Rede de educação municipal de Vinhedo - São Paulo

Doutoranda em Educação pelo grupo PHALA (Grupo de Pesquisa em Educação, Linguagem e Práticas Socioculturais), Linha 8 - Linguagem e Arte em Educação, na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Educação (2006) na área de Educação, Sociedade, Política e Cultura e graduada em Pedagogia (2001) pela Universidade Estadual de Campinas atuando principalmente nos seguintes temas: relações raciais, racismo, Lei 10.639/03, práticas culturais afrodiaspóricas, infância. Trabalhou como formadora de educadores populares e possui experiência na área do ensino fundamental do 1o a 5o ano. Atualmente é professora da Educação Infantil na rede de educação municipal de Vinhedo- São Paulo.

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Publicado

2023-05-03

Edição

Seção

Dossiê - Infâncias, racismos e educação infantil