O jardim profanado: violência e humor em Ovídio
DOI:
https://doi.org/10.5007/fragmentos.v35i0.22746Resumo
Considerado excessivamente frívolo, leviano e imoral por grande parte da critica oitocentista, Ovídio vem sendo entretanto como que reinventado por latinistas contemporâneos inspirados pelas modernas teorias do dialogismo e da intertextualidade: ele é talvez, entre os latinos, o autor sobre o qual mais se tem escrito nas últimas duas décadas. 0 grande poeta ainda impressiona: seu senso de humor, sempre inesperado, seu modo de desconstruir os grandes nomes da tradição literária, uma violência sexual que com frequência tinge de vermelho um texto aparentemente protegido por todas as tópicas levaram muitos críticos a qualificar a obra de Ovídio, ou pelo menos alguns setores dela, como grotesta. Recuperando o sentido histórico dessa palavra no contexto das artes plásticas e seguindo - ao longo dos períodos barroco e romântico, e na modernidade - a construção do conceito correspondente, este artigo aponta para as categorias do ambivalente, do anômalo e do ambíguo que são - com o humor - parte integrante do grotesco literário, e procura apresentar um Ovídio que se diverte embaralhando - intencionalmente - as fronteiras que regiam o estudo dos gêneros nas poéticas clássicas. E o estudo fecha-se indagando-se sobre a pertinência de aplicar a um poeta da antiguidade um conceito forjado na estética pós-renascentista.
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