Entre torres eólicas e fazendas solares: a presença do capital chinês na transição energética na região nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5007/2177-5230.2025.e103650Palavras-chave:
Transição energética, China, Brasil, Nordeste, InvestimentosResumo
A corrida pela descarbonização é o imperativo global desta nova crise do sistema capitalista no plano ambiental, climático, político e econômico. Descarbonizar as matrizes energéticas é um dos caminhos encontrado para lidar com o esgotamento climático global sem perder a eficiência do modo de produção capitalista. Este novo cenário de crise capitalista e acumulação do capital a partir da exploração da natureza revela uma corrida global pela transição energética. Essa corrida é impulsionada não só pelo discurso de mitigação dos danos climáticos e ambientais, mas também a partir das corporações internacionais que lideram os mercados globais da transição energética em curso. É desta forma que o capital internacional, guiado pelas agendas nacionais de desenvolvimento sustentável territorializam incontáveis complexos eólicos, fazendas solares e aprofundam a exploração mineral por empresas estrangeiras. É dentro deste contexto que a nova corrida pela transição energética brasileira incorpora a atuação do capital chinês, um dos mais importantes no setor energético do Brasil. Com base no exposto acima, a pergunta que norteia esse artigo é a seguinte: qual o tamanho e a relevância da atuação chinesa na transição energética brasileira? Com o intuito de delimitar nosso horizonte espaço-territorial e dar atenção à região que tem recebido montantes volumosos de capital chinês e por sua posição privilegiada no que concerne à fontes de energias renováveis, direcionamos nossos olhares para a região nordeste. Logo, nosso objetivo é traçar um panorama da atuação chinesa no setor de energias renováveis no Brasil, com destaque para a região nordeste, considerando a onda de investimentos chineses no país. Sustentamos que compreender o posicionamento chinês nos permite uma melhor leitura e avaliação do que representa o Brasil e sua rica diversidade de recursos energéticos e como tem se desenhado a relação sino-brasileira especialmente neste setor. No que concerne à metodologia empregada neste artigo, utilizamos a revisão de literatura narrativa, a apresentação dos dados via estatística descritiva, e uma associação do Estudo de Caso com entrevistas para detalhar situações de presença do capital e consequentes conflitos territoriais.
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