A mitificação da participação social na política nacional de recursos hídricos: gênese, motivação e inclusão social

Autores

  • Carlos Hiroo Saito
  • Irenilda Ângela dos Santos Universidade Federal de Mato Grosso

Resumo

A hipótese de que a participação social aparece em tempo de crise social e ambiental, como mito, para amenizar conflitos e legitimar os processos decisórios de grupos hegemônicos, é analisada a partir das práticas de gestão dos recursos hídricos no Brasil. Três aspectos da mitificação são apontados: a origem da participação, a noção de igualdade entre os segmentos participantes do processo, e o caráter do produto obtido pelos processos participativos. Conclui-se que a mitificação de processos participativos distorce e obscurece a sustentabilidade ambiental e social e que essa mitificação é favorecida pela existência de fortes desigualdades sociais que influenciam na forma de participação dos diversos segmentos da sociedade, e pela presença do economicismo na Política Nacional de Recursos Hídricos, orientando os Comitês de Bacia Hidrográfica para o caminho da cobrança pelo uso da água.

Biografia do Autor

Carlos Hiroo Saito

Formado em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), e Análise de Sistemas pela PUC/RJ (1990), tem mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (1990) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996), com ênfase em Geoprocessamento. Atualmente é Professor efetivo, classe Associado 2, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, tendo sido Coordenador de Apoio à Pós-Graduação do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (cargo de Diretoria, CD-4) de janeiro a outubro de 2009. É pesquisador Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e desenvolve pesquisas na área de conhecimento de Ecologia aplicada, com ênfase em gestão ambiental e ordenamento territorial com avaliação prognóstica de impacto ambiental e participação social, atuando principalmente nos seguintes temas: educação ambiental, geoprocessamento, recursos hídricos, investigação-ação (pesquisa-ação) e conservação da biodiversidade.

Irenilda Ângela dos Santos, Universidade Federal de Mato Grosso

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Mato Grosso (1987), mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2004). Atualmente é professora adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência em trabalhos multidisciplinares e interdisciplinares , com ênfase em Política Publicas e intervençao profissional , atuando principalmente nos seguintes temas: políticas publicas ambientais e politicas sociais, familia ,desenvolvimento local , participação social, gestão de recursos hídricos / bacias hidrográficas.

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Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

Artigos