Baixo Beberibe: a represa do Varadouro e os negros canoeiros – o higienismo entre o Recife e Olinda

Autores

  • Bruno Maia Halley Professor Substituto no Departamento de Geografia da UFRN (2019-). Pesquisador Associado do Laboratório de Estudos Sobre Espaço e Cultura - LECgeo da UFPE desde 2009. https://orcid.org/0000-0002-0094-2896

DOI:

https://doi.org/10.5007/1982-5153.2019v34n72p232

Resumo

O artigo aborda a geografia histórica do baixo rio Beberibe, entre os núcleos habitáveis de Recife e Olinda, desde a segunda metade do século XVII até o final do XIX, centrando-se nas ações médico-higienistas junto à represa do Varadouro e ao transporte de canoas d’água. As mortíferas epidemias da época eram associadas ao mangue e à água parada da represa, como também à “sujidade” das embarcações conduzidas por negros. Desvela-se, assim, as campanhas profiláticas frente às epidemias, que engendrou destruições e reconstruções da represa, além de coações junto aos canoeiros. Discorre-se sobre estes aspectos desde a construção da represa em 1685, até sua demolição definitiva em 1856, seguido do arrefecimento no uso das canoas. Neste contexto, revela-se a configuração de um “espaço marginal” no baixo Beberibe, no século XIX, com a construção de objetos higienistas às suas margens – hospitais, cemitérios e matadouro.

Biografia do Autor

Bruno Maia Halley, Professor Substituto no Departamento de Geografia da UFRN (2019-). Pesquisador Associado do Laboratório de Estudos Sobre Espaço e Cultura - LECgeo da UFPE desde 2009.

Bacharel (2005) e Mestre (2010) em Geografia pela UFPE. Doutor (2017) em Geografia pela UFF, com estágio doutorado-sanduíche na ULisboa (2015). Pós-doutor em Geografia pela UFPE (2017-2018). Pesquisador do LECgeo da UFPE desde 2009. Já foi professor na UFF/Campos, UERJ/Maracanã, UFRPE e UFPE, além de estagiário no Núcleo de Estudos Josué de Castro da UNEAL. Atualmente exerce a função de professor substituto no Departamento de Geografia da UFRN.

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Publicado

2019-07-25

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Artigos