Atuação do BNDES e disparidades regionais: evidências da indústria de transformação entre 2000-2018

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1982-5153.2020v35n74p132

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a dinâmica territorial de desembolso do BNDES sobre a indústria de transformação, a partir dos padrões setoriais de concorrência, regiões e unidades federativas, no período de 2000 a 2018 no Brasil. A abordagem fundamenta-se no arcabouço teórico do desenvolvimento regional e faz o uso do método analítico, descritivo e estatístico, das taxas de crescimento e índices de desigualdade de Theil (interestadual, inter-regional e intra-regional). Os resultados sugerem que a participação dos desembolsos nos grupos setoriais difusoras do progresso técnico/bens duráveis supera a parcela de indústrias de commodities e tradicionais em parte relevante dos últimos 18 anos. Ademais, nota-se que o BNDES alcançou uma distribuição regional mais equilibrada dos desembolsos entre o período de 2010-2015 influenciado, sobretudo, via o Programa de Sustentação do Investimento e fortalecimento da atuação no território. Contudo, a partir de 2015 a forte retração dos desembolsos refletiu veemente na ampliação das disparidades regionais.

Biografia do Autor

Raphael de Oliveira Silva, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)/Universidade Federal da Bahia(UFBA)

Pesquisador associado da Diretoria de Estudos Regionais Urbanos e Ambietais (Dirur) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e doutorando em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Mabel Diz Marques, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutoranda em Economia pela Universidade Federal da Bahia, Brasil. Mestre em Econonomia pela Universidade Federal de São Carlos, Brasil. Bolsista FAPESB/UFBA.

Henrique Tomé da Costa Mata, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutor em Econonomia pela Univeridade Federal de Viçosa (UFV). Professor do Programa de Pós-graduação em Economia da Univeridade Federal da Bahia (UFBA).

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Publicado

2020-04-09

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Artigos