Para além das reformas monetárias: contribuições ao debate sobre a crise do encilhamento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1982-5153.2020v35n75p69

Resumo

A análise realizada no presente trabalho tem início nos últimos anos do Império brasileiro e na transição para o regime republicano, com ênfase na primeira crise da República: o Encilhamento. O objetivo é questionar a visão monetarista presente na literatura sobre esse período, a qual defende que a crise brasileira teria sido provocada pelas reformas monetárias de ideologia papelista, isto é, por uma suposta má condução da política econômica. Esses anos são estudados com uma abordagem que busca causas externas para o Encilhamento, as quais tiveram origem na moratória argentina e na consequente crise do banco inglês Baring Brothers, eventos que afetaram fortemente a vulnerável periferia que compunha o sistema internacional do padrão ouro libra.

Biografia do Autor

Lohana Monaco Bezerra, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2019). Possui graduação em Ciências Econômicas pela Fundação Getúlio Vargas (2012) e mestrado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2015). Áreas de atuação/interesse: Economia Brasileira e História Econômica.

Victor Leonardo de Araújo, Universidade Federal Fluminense

Professor-associado na Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, atuando tanto na Graduação quanto no programa de Pós-Graduação (PPGE - UFF). Desenvolve pesquisas na área de Desigualdade Econômica e Distribuição de Renda, Economia Brasileira Contemporânea, Desenvolvimento Econômico, Emprego, Mercado de Trabalho e Pensamento Econômico Brasileiro. Desenvolveu pesquisa intitulada THE DEBATE ON INCOME DISTRIBUTION IN BRAZIL IN THE 2000s IN HISTORICAL PERSPECTIVE, como Visiting Scholar no Institute of Latin American Studies (ILAS), na Universidade de Columbia (Nova Iorque - EUA), sob a supervisão de José António Ocampo, entre julho de 2017 e junho de 2018. Desenvolve estudos internacionais comparados sobre Desigualdade Econômica e Distribuição de Renda, pesquisando casos tanto dos países desenvolvidos, como de países das chamadas "Economias em Transição", como China e Russia, e também as experiências de países latino-americanos, em especial o caso brasileiro.

Fernando Augusto Mansor de Mattos, Universidade Federal Fluminense

Economista, mestre e doutor em Economia pela Universidade Federal Fluminense. Professor Associado 1 da UFF, no Departamento de Economia, leciona disciplinas na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Economia da UFF. Coordenador do Núcleo de Estudos em Economia e Sociedade Brasileira (NEB).

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Publicado

2020-06-09

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Artigos