Território e sujeito sertanejo: relações de poder e subalternidade no Nordeste brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/2177-5230.2020v35n76p497Resumo
Este artigo apresenta reflexões sobre o pensamento decolonial e a perspectiva dos sujeitos subalternos na produção do território. A teoria geográfica, numa leitura relacional, é de fundamental importância para a compreensão da tensão entre as dimensões de dominação e apropriação na produção territorial, ressaltando as relações de poder no âmbito dos conflitos sociais. Damos um enfoque no entendimento dos conflitos políticos no sertão do Nordeste brasileiro, apresentando o ponto de vista dos vencidos em suas lutas sociais. Tencionamos um resgate da memória de luta dos sujeitos sertanejos, destacando suas ações espontâneas e organizadas contra a produção desigual do território em diversas frentes, como a construção da utopia sertaneja na cidade de Canudos.
Referências
ANDRADE, Manoel Correia de. A terra e o homem no Nordeste. 8 ed. São Paulo, Cortez, 2011.
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Rev. Bras. Ciênc. Polít. [online]. 2013, n.11, pp.89-117.
BARBOSA, Aline Miranda; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Reflexões sobre a atual questão agrária brasileira: descolonizando o pensamento. In: Desafios aos Estudos Pós-Coloniais. As Epistemologias Sul-Sul. (Org.) MENESES, Maria Paula; VASILE, Iolanda. Cescontexto, debates, n.5, Maio 2014.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1994.
CASTRO, Iná Elias de. O Mito da necessidade. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1992.
CASTRO, Josué de. A reivindicação dos mortos. In: Josué de Castro: vida e obra. (Orgs.) FERNANDES, Bernardo Mançano; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. São Paulo, Expressão Popular, 2007.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. 21 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
DAVIS, Mike. Holocaustos Coloniais. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. CLACSO, Consejo latino americano de ciencias sociales, 2005.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro, Ed. Civilização brasileira, 1968.
GOMES, Rita de Cássia da Conceição. As oligarquias e a produção do território no Estado do Rio Grande do Norte. In: Capítulos de Geografia Nordestina. (Orgs.) DINIZ, José Alexandre; FRANÇA, Vera Lúcia Alves. Aracajú, NPGEO/UFS, 1998.
HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: “do fim do territórios” à multiterritorialidade; 3ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
HAESBAERT, Rogério. Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de in-segurança e contenção. 1ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.
HAESBAERT, Rogério. Território(s) numa perspectiva latino-americana. In: Journal of Latin American Geography, Volume 19, Number 1, January 2020a.
HAESBAERT, Rogério. Do corpo-território ao território-corpo (da terra): contribuições decoloniais. In: Revista GEOgraphia, V. 22, N. 48, 2020b.
HARVEY, David. Cosmopolitanism and the geographies of freedom. Columbia University Press, 2009.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das letras, 2019.
LEFEBVRE, Henri. La producción del espacio. Madrid: Capitán Swing, 2013.
LOWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio - uma leitura das teses sobre o conceito de história. São Paulo: Boitempo, 2005.
LUKACS, Gyorgy. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. 2ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012.
MACHADO, Lia Osório. Origens do pensamento geográfico no Brasil: Meio tropical, espaços vazios e a ideia de ordem (1870-1930). In: Geografia: conceitos e temas. (Org’s) Iná Elias de Castro; Paulo Cesar da Costa Gomes; Roberto Lobato Correa. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1995.
MARTINS, José de Souza. Subúrbio: vida cotidiana e história no subúrbio da cidade de São Paulo: São Caetano, do fim do Império ao fim da República velha. São Paulo: Hucitec, 1992.
MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: Hucitec, 2000.
MARTINS, José de Souza. Os camponeses e a política no Brasil: as lutas sociais no campo e seu lugar no processo político. 4ed. Petropolis, Editora Vozes, 1990.
MATOS, O. C. F. Benjaminianas: cultura capitalista e fetichismo contemporâneo. São Paulo: Editora Unesp, 2009
NEVES, Frederico de Castro. A multidão e a história: saques e outras ações de massa no Ceará. Rio de Janeiro: Relume Dumará; Fortaleza, secretaria de cultura e desporto, 2000.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. De saberes e de territórios: diversidade e emancipação a partir da experiência latino-americana. In: De los saberes de la emancipación y de la dominación. Buenos Aires, CLACSO, 2008.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter; QUENTAL, Pedro. América Latina e a colonialidade do poder. In: Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. (Org.) Rogério Haesbaert. 2ed. Niterói, Editora da UFF, 2013.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In: Epistemologias do sul (Org) Boa ventura de Sousa Santos, Maria Paula Meneses. Edições Almeidina, Coimbra, 2009.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. CLACSO, Consejo latino americano de ciencias sociales, 2005.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ed. Ática, 1993.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: evolução e o sentido do Brasil. São Paulo: companhia das letras, 1995.
SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: companhia das letras, 2011.
VILLA, Marco Antonio. Canudos: o povo da terra. São Paulo. Ática, 1997.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.