Campos altimontanos em montanhas tropicais: unidades biogeográficas de enclave nas terras altas do Brasil sudeste

Autores

Palavras-chave:

Campos altimontanos, Serra da Mantiqueira, Enclave, Endemismo local

Resumo

O objetivo do presente artigo é discutir a espacialidade dos campos altimontanos na porção mineira da Serra da Mantiqueira, diferenciando tais formações vegetais segundo suas relações com o meio físico. Na região dos grandes escarpamentos do Brasil Sudeste, enfaticamente na Serra da Mantiqueira, tais fitofisionomias tendem a ocorrer em altitudes superiores 1800 m, tendo nos tipos de rocha seu principal fator de diferenciação. Desse modo, foram discernidas cinco unidades biogeográficas concernentes às terras altas do sudeste brasileiro, nas quais os campos de altitude se diferenciam fisionômica e floristicamente, divisão esta reforçada por endemismos fito e zoogeográficos: (1) maciço alcalino de Itatiaia, balizado em nefelina-sienitos (2) maciço do Caparaó, antiforme disjunto emoldurado em gnaisses e migmatitos, (3) Serra do Ibitipoca, sustentada por quartzitos e (4) Serra do Papagaio, sustentada dominantemente por gnaisse-granito e (5) Planalto de Campos do Jordão, também embasado sob o predomínio de gnaisses.

Biografia do Autor

Roberto Marques Neto, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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2024-10-21

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Artigos