O Brasil é um corpo que dói: políticas outras das grafias-de-vida a partir de Silviano Santiago

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2024.e100050

Palavras-chave:

Brasil, Grafias-de-vida, Silviano Santiago

Resumo

Este trabalho nasce a partir da premissa de que “tudo aquilo” que é importante para a minha teorização é, por uma perspectiva crítica biográfica fronteiriça, requisito necessário para a minha própria vida de pesquisador. Em termos específicos, debruço-me sobre os conceitos de corpo e geo-políticas, sendo esses alguns dos termos “daquilo tudo” que foi encoberto, expurgado, invisibilizado, desconsiderado, deslegitimado e até mesmo (neo)colonizado através dos mecanismos teo-egológicos da colonialidade e do imperialismo, principalmente no desvelar desse nosso Brasil de pretéritos e presentes imperfeitos (des)governado pelo Bolsonarismo até 2022. Para isso, lançarei mão do conceito de grafia-de-vida alcunhado por Silviano Santiago, em especial, na obra Fisiologia da composição, todavia, deslocarei e, por extensão, subverterei seu foco da literatura brasileira para o espectro político direcionado à colonialidade no Brasil Bolsonarista situado nos engastes ego e teopolíticos de encobrimento e rechaço às corpo e geo-políticas inconvenientes. Nesse sentido, utilizo a formulação de Claudete Daflon (2022) para intitular este trabalho, uma vez que especialmente de 2018 a 2022 as políticas coloniais em curso por aqui nos confirmaram que sim: o Brasil é um corpo que dói. Mais do que isso, nesse Brasil de pretéritos e presentes imperfeitos, encontram-se corpo e geo-políticas pluriversais imbricadas por múltiplas corpo-geo-grafias de vidas inconvenientes, do ponto de vista de Silviano, as quais sobrevivem e re-existem através da eminência do perigo.

Biografia do Autor

Pedro Henrique Alves de Medeiros, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutorando em Estudos de Linguagens (PPGEL) com o projeto Um Brasil do pretérito imperfeito: perspectiva outra a partir de Silviano Santiago pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Mestre em Estudos de Linguagens (PPGEL) com a dissertação intitulada Entre homo-bios-grafias e escrevivências de Silviano Santiago: exercícios de crítica biográfica fronteiriça pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Membro do Núcleo de Estudos Culturais Comparados (NECC).

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Publicado

2024-08-21

Como Citar

MEDEIROS, Pedro Henrique Alves de. O Brasil é um corpo que dói: políticas outras das grafias-de-vida a partir de Silviano Santiago. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 29, p. 01–16, 2024. DOI: 10.5007/2175-7917.2024.e100050. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/100050. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Manifestações da literatura no VI SIEL e XXIV Semana de Letras da UFMS