Memórias da morte e a (trans)formação de sua identidade no romance de Saramago
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2018v23n1p174Resumo
Podemos inferir que somos constituídos de passados, amontoados de situações e acontecimentos que se integram, interagem e se excluem, contribuindo para a formação do “eu” durante o passar do tempo, mediante ações que possuem uma finitude, com a morte. Assim, pois, segundo Candau (2011), o jogo existente entre a memória, resultando na construção da identidade é composto de recordações e olvido. É, portanto, nessa tríade memória-identidade-morte que este artigo se debruça, a fim de, a partir das memórias construídas cultural e socialmente da morte, de “passados”, demonstrar como isso contribui para a construção e personificação da personagem principal do romance de José Saramago (2005), As intermitências da morte - a própria morte. Para esse fim, nos propomos, inicialmente, a rememorar e discutir os conceitos de memória e identidade e sua inter-relação a partir de Candau (2011), Hall (2006) e Bauman (2005), além da pré-concepção sobre a morte construída no imaginário humano, figura caricata de um esqueleto envolto em sua foice, tendo como guia os estudos de Elias (2001), Ariès (2017) e Simmel (1998). Em seguida nos atemos à personagem morte e a formação/transformação de sua identidade no romance saramaguiano em busca do seu eu essencial. Finalizamos a pesquisa e consideramos a morte saramaguiana dotada de um sentido reformulado, como essencialidade à vida e geradora da mesma apesar de sua paradoxalidade.
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