O fantasma travesti: uma rapsódia queer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2020v25n1p39

Resumo

Este artigo apresenta uma análise crítica do romance O fantasma travesti (1988), de Sylvia Orthof, cuja forma e construção das personagens travam proximidades com o discurso da teoria queer no que se refere à desconstrução dos arquétipos binários de gênero e da performatividade enquanto dispositivo de criação de novas maneiras de se entender o corpo, o gênero e as sexualidades. Tendo como escopo teórico as contribuições de Butler (2015) e Louro (2001), propomos uma aproximação entre a teoria queer e a teoria da ficção com a finalidade de compreender o romance de Orthof enquanto um processo no qual a política da escrita, conceito sugerido por Rancière (1995), desempenha um papel importante na representação da personagem Ziriguidum. Criada sob a égide da paródia de gênero e sob a influência da narrativa fantástica, Ziriguidum é uma ode ao queer. A linguagem com a qual ela se constrói reverbera a ambiguidade e a inconstância que caracterizam a teoria queer, além de ilustrar a confusão pronominal que se instaura quando há a necessidade de se referir às pessoas trans. 

Biografia do Autor

Emerson Silvestre, Instituto Federal de Pernambuco

Doutorando em Letras (teoria da literatura) pela Universidade Federal de Pernambuco e mestre em Letras pela mesma instituição. Possui bacharelado em Letras também pela UFPE e licenciatura em Letras português/inglês pela Faculdade São Miguel. Atua nas áreas de Teoria da Literatura, Crítica Literária, Estudos Culturais e Ensino de Língua Estrangeira. Atualmente é professor do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), campus Recife.

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Publicado

2020-06-15

Como Citar

SILVESTRE, Emerson. O fantasma travesti: uma rapsódia queer. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 39–52, 2020. DOI: 10.5007/2175-7917.2020v25n1p39. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2020v25n1p39. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê "Ficções queer brasileiras"