Caminhos e desafios do rap brasileiro contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2020v25n2p65Resumo
Um dos aspectos mais radicais do rap brasileiro ao longo de sua trajetória foi a crescente regulação de sua dimensão estética por um conjunto de parâmetros éticos fundamentais construídos coletivamente junto à comunidade periférica. Em termos objetivos, isso significa que a qualidade ou o sucesso do gênero no interior do mercado musical não poderia ser avaliado apenas esteticamente. Em seus momentos de maior radicalidade o rap não pretendia ser interpretado apenas enquanto música, mas como o partilhar de formas de sabedoria popular e coletiva integrada à vivência dos sujeitos periféricos, com o objetivo declarado de salvar vidas. Entretanto, à medida que o movimento hip hop vai se fortalecendo profissionalmente, sem que se resolva a desigualdade social de base que lhe deu origem, o rap passa a ser compreendido mais imediatamente enquanto pura forma estética, dotando a dimensão ética de um inequívoco caráter performático. Ou melhor, fazendo da própria política uma questão estética, mais ligada ao universo hip hop do que à comunidade periférica originária, da qual se separou.
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