Nem donzelas, nem caladas: guerrilheiras, militantes e escritoras da história

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e92440

Palavras-chave:

Mulheres na ditadura, Feminismo, Gênero

Resumo

Quem são/foram as mulheres das diversas militâncias que lutaram contra as ditaduras instauradas em seus países? O que elas têm a dizer? Qual é a sua perspectiva sobre os fatos? Nas histórias oficiais sobre as diversas formas de resistências políticas contra as ditaduras brasileiras, as que estão consagradas nos livros didáticos e nos artigos acadêmicos, aparecem muitos nomes de lideranças masculinas: Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Luís Carlos Prestes, Luís Inácio Lula da Silva, Vladmir Herzog, Paulo Freire, Ulysses Guimarães, entre outros. Com o passar do tempo e a consolidação da democracia no país, nomes femininos passaram a compor essa lista de pessoas que, não só contestavam, como também atuavam diretamente contra os desdobramentos do período cívico-militar. Mesmo em uma sociedade que insiste em definir os papéis de gênero pelo aspecto biológico e social, a guinada subjetiva a que se referiu Beatriz Sarlo (2018) permitiu que as mulheres ganhassem espaço para ampliar suas vozes e analisar e relatar a história desde uma perspectiva situada. O ensaio que escrevo nestas linhas vai ao encontro de um desses relatos, o da sobrevivente Ana Maria Ramos Estevão, no livro Torre das Guerreiras e outras memórias (2021).

Biografia do Autor

Glaucia Moreira Secco, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda em Ciência da Literatura, na área de Literatura Comparada (PPGCL - UFRJ). Mestre em Letras Neolatinas, com foco em Literaturas Hispânicas (PPGLEN - UFRJ). Pesquisadora no Laboratório de Teorias e Práticas Feministas (PACC - UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Estudos Feministas na Escola (Colégio Pedro II). Professora Adjunta do Departamento de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

Referências

ANZALDÚA, Gloria. Falando em línguas: uma carta para mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 1, 2000.

BELLI, Gioconda. O país sob minha pele: memórias de amor e de guerra. Rio de Janeiro: RECORD, 2002.

BOLSONARO, Jair Messias. Voto proferido na Câmara dos Deputados Federal. Sessão: 091.2.55.O. Brasília, 17 de abril de 2016. Hora: 14:04. Disponível em: https://www.camara.leg.br/internet/SitaqWeb/TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=091.2.55.O&nuQuarto=3&nuOrador=1&nuInsercao=359&dtHorarioQuarto=14:04&sgFaseSessao=OD&Data=17/04/2016&txApelido=JAIR%20BOLSONARO,%20PSC-RJ>. Acesso em 12 ago. 2023.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Trad. de Sérgio Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. 6. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira: 2019.

DAFLON, Claudete. Meu país é um corpo que dói. Belo Horizonte: Relicário, 2022.

ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. Torre das guerreiras e outras memórias. São Paulo: Editora 106; Fundação Rosa Luxemburgo, 2021.

FRANCO, Renato. Literatura e catástrofe no Brasil: anos 70. SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, Memória e Literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

GAGO, Verónica. A potência feminista ou o desejo de transformar tudo. Trad. de Igor Peres.São Paulo, Elefante: 2020.

LORDE, Audre. Irmã Outsider. Trad. de Stephanie Borges. São Paulo, Autêntica: 2019.

PIZARNIK, Alejandra. Antologia poética. Trad. de Alberto Augusto Miranda. Lisboa, O correio dos navios: 2002.

RANCIÈRE, Jacques. Políticas da escrita. Trad. de Raquel Ramalhete. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.

RESENDE, Beatriz. Estratégias literárias da primeira pessoa. MAGRI, Ieda; CHARBEL, Felipe; GUTIÉRREZ, Rafael (org.). Leituras do contemporâneo: literatura e crítica no Brasil e na Argentina. Belo Horizonte: Relicário, 2021.

RIBEIRO, Maria C. B. Mulheres na luta armada: protagonismo feminino na ALN (Aliança Libertadora Nacional). São Paulo: Alameda, 2018.

ROUSSEF, Dilma. Prefácio. In: ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. Torre das guerreiras e outras memórias. São Paulo: Editora 106; Fundação Rosa Luxemburgo, 2021, p. 15-17.

SEGATO, Rita. Pedagogías de la crueldad. Revista de la Universidad del México, n. 854, nov. 2019.

SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, Memória e Literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

SOLNIT, Rebecca. A mãe de todas as perguntas. Reflexões sobre os novos feminismos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

TEZZA, Cristóvão. A ética da ficção. In: DUNKER, Christian Ingo Lenz. et al. Ética e pós-verdade. Porto Alegre: Dublinense, 2017, p. 39-65.

TORRE DAS DONZELAS. Diretora: Susanna Lira. Produção: Tito Gomes. Brasil: Modo Operante Produções, 2019. Streaming.

Downloads

Publicado

2023-10-04

Como Citar

SECCO, Glaucia Moreira. Nem donzelas, nem caladas: guerrilheiras, militantes e escritoras da história. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 28, p. 01–18, 2023. DOI: 10.5007/2175-7917.2023.e92440. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/92440. Acesso em: 31 ago. 2024.

Edição

Seção

Artigos