Poderão os bichos falar? A biologia do linguajear em “Conversa de Bois", de Guimarães Rosa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e92604

Palavras-chave:

Zooliteratura, Subjetividade animal, Linguagem animal, Biologia do conhecer, Guimarães Rosa

Resumo

Haveria linguagem possível entre o homem e o animal? Podem as espécies conversar? O presente ensaio visa contribuir aos estudos da linguagem animal e da zooliteratura. Vamos examinar como Guimarães Rosa, no conto “Conversa de Bois” do livro Sagarana, apresenta a questão da linguagem interespécie. Vamos propor uma análise interdisciplinar da obra à luz dos recentes avanços científicos nos campos da linguagem e subjetividade animal– com destaque para a teoria da linguagem pragmática de Vinciane Despret, as comunidades híbridas de Dominique Lestel, e a biologia do conhecer, de Humberto Maturana. Nossa hipótese é de que Rosa, consoante a esses pesquisadores, considera o amor como fundamento tanto da linguagem humana quanto de um devir-linguajear – com potencial revolucionário – entre animais e homens.

Biografia do Autor

Victor Hermann, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutor em Literatura, Outras Artes e Mídias pela Universidade Federal de Minas Gerais (2020). Possui graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010) e mestrado em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014). Atua principalmente nas seguintes áreas: Estudos do Antropoceno; Catástrofe; Teoria da Literatura; Arte Contemporânea; Estética na Era Digital; Literatura e Filosofia.

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Publicado

2023-07-04

Como Citar

HERMANN, Victor. Poderão os bichos falar? A biologia do linguajear em “Conversa de Bois", de Guimarães Rosa. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 28, p. 01–15, 2023. DOI: 10.5007/2175-7917.2023.e92604. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/92604. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

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Artigos