Poderão os bichos falar? A biologia do linguajear em “Conversa de Bois", de Guimarães Rosa
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e92604Palavras-chave:
Zooliteratura, Subjetividade animal, Linguagem animal, Biologia do conhecer, Guimarães RosaResumo
Haveria linguagem possível entre o homem e o animal? Podem as espécies conversar? O presente ensaio visa contribuir aos estudos da linguagem animal e da zooliteratura. Vamos examinar como Guimarães Rosa, no conto “Conversa de Bois” do livro Sagarana, apresenta a questão da linguagem interespécie. Vamos propor uma análise interdisciplinar da obra à luz dos recentes avanços científicos nos campos da linguagem e subjetividade animal– com destaque para a teoria da linguagem pragmática de Vinciane Despret, as comunidades híbridas de Dominique Lestel, e a biologia do conhecer, de Humberto Maturana. Nossa hipótese é de que Rosa, consoante a esses pesquisadores, considera o amor como fundamento tanto da linguagem humana quanto de um devir-linguajear – com potencial revolucionário – entre animais e homens.
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