Lembrança e percepção como (nova) potência da literatura

Autores

  • Raúl Antelo UFSC

Resumo

Há um ensaio de Henri Bergson, publicado na Revue Philosophique, em 1908, com o titulo de “Le souvenir du présent et la fausse reconnaissance”, que nos fornece um bom ponto de partida. Nele Bergson postula que, graças ao fenômeno do falso reconhecimento, o presente divide-se em duas vertentes, uma que, de fato, dirige-se ao passado, enquanto a outra se encaminha ao futuro. A primeira tendência é a lembrança; a segunda, a percepção. Partindo de uma mesma fonte atual, percepção e lembrança divergem, entretanto, quanto à suas respectivas orientações. A percepção, lançada em direção ao futuro, está sempre en avance, ao passo que a lembrança, recuando ao passado, opera en retard e parece simplesmente uma cópia demorada da percepção em ato. Assim, a lembrança só consegue sobreviver porque possui uma natureza diversa da percepção: ela é virtual, como o são as figuras que vemos do outro lado do espelho, ao passo que a percepção é atual, tal como o corpo que produz essa imagem.

Biografia do Autor

Raúl Antelo, UFSC

Possui graduação em Letras Modernas pela Universidad de Buenos Aires (1974) e em Língua Portuguesa pelo Instituto Superior del Profesorado en Lenguas Vivas (1972), mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1978) e doutorado em Literatura Brasileira pela mesma Universidade (1981). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: modernismo e modernidade, poesia e crítica cultural contemporânea.

Mais informações: Currículo Lattes - CNPq.

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Publicado

2007-08-11