Florística de Melastomataceae entre áreas reflorestada e natural na Mata Atlântica de Recife, Pernambuco, Brasil

Autores

  • Jefferson Rodrigues Maciel Jardim Botânico do Recife, Km 7,5 da BR 232, s/n, Curado, 50000-230, Recife, PE, Brazil https://orcid.org/0000-0003-1472-1274
  • Yuri de Souza Vieira Couceiro Jardim Botânico do Recife

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7925.2021.e77751

Resumo

A extinção local de espécies da flora nativa da Floresta Atlântica ocorre, principalmente, devido à fragmentação de habitats. Reflorestamento e a regeneração natural podem mitigar esses fatores. Neste estudo, procuramos entender se a composição florística e os processos de dispersão estão sendo restabelecidos em uma área de Floresta Atlântica de terras baixas oito anos após seu reflorestamento. A área de estudo foi um antigo pasto entre dois fragmentos urbanos na cidade do Recife que foi reflorestado em 2011. Espécies de Melastomataceae foram coletadas e a morfologia dos seus frutos foram comparadas com as espécies da família em fragmentos adjacentes. Miconia prasina, M. albicans, M. affinis, Clidemia hirta, and C. capitellata foram encontradas na área reflorestada. Embora nos fragmentos adjacentes existam espécies com frutos maiores, não houve diferença estatisticamente significativa entre as médias das duas áreas. A morfologia dos frutos indica que as espécies encontradas na área são dispersas por aves e pequenos mamíferos. É possível concluir que a área reflorestada já apresenta processos ecológicos esperados para um corredor entre dois fragmentos e que as duas áreas adjacentes servem como vetores para colonização de espécies nativas da Floresta Atlântica na área reflorestada.

Biografia do Autor

Jefferson Rodrigues Maciel, Jardim Botânico do Recife, Km 7,5 da BR 232, s/n, Curado, 50000-230, Recife, PE, Brazil

Obtive meu Mestrado em Biologia Vegetal pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Perambuco (2008) e sou Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2005). Desde 2003 realizo estudos taxonômicos e biogeográficos de gêneros de Poaceae de Pernambuco. Também desenvolvo trabalhos florísticos em Áreas Prioritárias para a Conservação no Nordeste. Atualmente sou doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco. Desde 2010 sou pesquisador do Jardim Botânico de Recife, concursado, e consultor autônomo de empresas que atuam na área de licenciamento ambiental.

Yuri de Souza Vieira Couceiro, Jardim Botânico do Recife

Jardim Botânico do Recife, Km 7,5 da BR 232, s/n, Curado, 50000-230, Recife, PE, Brazil

Referências

ALVES, A. S. Frugivoria e dispersão de sementes por Chiroxiphia pareola (Pipridae) em um brejo de altitude, Nordeste do Brasil. 2014. 35 f. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal da Paraíba, Areia. 2014.

ALVES, M. A. S.; RITTER, P. D.; ANTONINI, R. D.; ALMEIDA, E. M. Two thrush species as dispersers of Miconiaprasina (Sw.) DC. (Melastomataceae): an experimental approach. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, v. 68, p. 397-401, 2008.

ARAÚJO, C. M. L. R.; LIMA, R. B. Melastomataceae na Área de Proteção Ambiental Tambaba, Litoral Sul da Paraíba, Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 64, n. 1, p. 137-149, 2013.

BACCI, L. F.; AMORIM, A. M.; MICHELANGELI, F. A.; GOLDENBERG, R. Increased sampling in under-collected areas sheds new light on the diversity and distribution of Bertolonia, an Atlantic Forest endemic genus. Systematic Botany, Laramie, v. 43, n. 3, p. 767-792, 2018.

BARCELOS, A. R.; BOBROWIEC, P. E.; SANAIOTTI, T. M.; GRIBEL, R. Seed germination from lowland tapir (Tapirus terrestris) fecal samples collected during the dry season in the northern Brazilian Amazon. Integrative Zoology, Beijing, v. 8, p. 63-73, 2013.

BFG – THE BRAZIL FLORA GROUP. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 66, p. 1085-1113, 2015.

CANALE, G. R.; PERES, C. A.; GUIDORIZZI, C. E.; GATTO, C. A. F.; KIERULFF, M. C. M. Pervasive defaunation of forest remnants in a tropical biodiversity hotspot. PloS One, Cambridge, v. 7, p. 41671, 2012.

CAVALCANTI, D. M. F.; AMORIM, B. S.; MACIEL, J. R.; ALVES, M. Checklist from an Atlantic Forest vegetation mosaic in Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Tabatinga, Pernambuco, Brazil. CheckList, Rio Claro, v. 12, n. 6, 2016.

CHAGAS, E. C. O. O gênero Miconia Ruiz &Pav. (Melastomataceae) na Floresta Atlântica do Nordeste Oriental. 2012. 115 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 2012.

ELLISON, A. M.; DENSLOW, J. S.; LOISELLE, B. A. Seed and seedling ecology of neotropical Melastomataceae. Ecology, New York, v. 74, p. 1733-1749, 1993.

FAHRIG, L. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, Palo Alto, v. 34, p. 487-515, 2003.

FLORA DO BRASIL Melastomataceae in Flora do Brasil 2020 em construção. 2020. Available in <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB161>.

GANDOLFI, S.; LEITÃO FILHO, H. D. F.; BEZERRA, C. L. F. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma floresta mesófila semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 55, p. 753-767, 1995.

GARBINO, G. S. T.; REZENDE, G. C.; FERNANDES-FERREIRA, H.; FEIJÓ, A. Reconsidering mammal extinctions in the Pernambuco Endemism Center of the Brazilian Atlantic Forest. Animal Biodiversity and Conservation, Barcelona, v. 41, p. 175-184, 2018.

GOLDENBERG, R.; BAUMGRATZ, J. F. A.; SOUZA, M. L. D. R. Taxonomia de Melastomataceae no Brasil: retrospectiva, perspectivas e chave de identificação para os gêneros. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 63, p. 145-161, 2012.

HAMMER, Ø.; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. PAST: Paleontological Statistics Software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, Oslo, v. 4, n. 1, p. 1-9, 2001.

LIEBSCH, D.; MARQUES, M. C. M.; GOLDENBERG, R. How long does the Atlantic Rain Forest take to recover after a disturbance? Changes in species composition and ecological features during secondary succession. Biological Conservation, Boston, v. 141, n. 6, p. 1717-1725, 2008.

LOISELLE, B. A.; BLAKE, J. G. Dispersal of melastome seeds by fruit-eating birds of tropical forest understory. Ecology, New York, v. 80, p. 330-336, 1999.

MARUYAMA, P. K.; ALVES-SILVA, E.; MELO, C. Oferta qualitativa e quantitativa de frutos em espécies ornitocóricas do gênero Miconia (Melastomataceae). Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, p. 672-674, 2007.

MELO, A.; AMORIM, B. S.; GARCÍA-GONZÁLEZ, J.; SOUZA, J. A. N. de; PESSOA, E. M.; MENDONÇA, E. de; CHAGAS, M.; ALVES-ARAÚJO, A.; ALVES, M.Updatedfloristicinventoryoftheangiospermsofthe Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia, João Pessoa, v. 20, n. 2, p. 3-26, 2011.

MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; BROOKS, T. M.; PILGRIM, J. D.; KONSTANT, W. R.; FONSECA, G. A. B.; KORMOS, C. Wilderness and biodiversity conservation. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v. 100, p. 10309-10313, 2003.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B. da; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, London, v. 403, p. 853-858, 2000.

NASCIMENTO, L. M.; OLIVEIRA, A. M.; NASCIMENTO, B. U. do. Aspectos históricos e ambientais do Jardim Botânico do Recife, Pernambuco. Arrudea, Recife, v. 3, p. 51-75, 2017.

OLIVEIRA, M. A.; GRILLO, A. S.; TABARELLI, M. Forest edge in the Brazilian Atlantic forest: drastic changes in tree species assemblages. Oryx, Cambridge, v. 38, n. 4, p. 389-394, 2004.

PEREIRA, G. A.; PERIQUITO, M. C.; BRITO, M. T.; MENEZES, M. Estrutura trófica da avifauna no Jardim Botânico do Recife, Pernambuco, Brasil. Atualidades Ornitológicas, Ivaiporã, v. 164, p. 57-63, 2011.

PONTES, A. R. M.; SOARES, M. L. Sleeping sites of common marmosets (Callithrix jacchus) in defaunated urban forest fragments: a strategy to maximize food intake. Journal of Zoology, London, v. 266, p. 55-63, 2005.

REGINATO, M.; VASCONCELOS, T. N.; KRIEBEL, R.; SIMÕES, A. O. Is dispersal mode a driver of diversification and geographical distribution in the tropical plant family Melastomataceae? Molecular Phylogenetics and Evolution, New York, v. 148, 106815, 2020.

REZENDE, C. L.; SCARANO, F. R.; ASSAD, E. D.; JOLY, C. A.; METZGER, J. P.; STRASSBURG, B. B. N.; MITTERMEIER, R. A. From hotspot to hotspot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in Ecology and Conservation, São Paulo, v. 16, p. 208-214, 2018.

RIBEIRO, M. C.; METZGER, J. P.; MARTENSEN, A. C.; PONZONI, F. J.; HIROTA, M. M. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, Boston, v. 142, p. 1141-1153, 2009.

TABARELLI, M.; DA SILVA, J. M. C.; GASCON, C. Forest fragmentation, synergisms and the impoverishment of neotropical forests. Biodiversity & Conservation, New York, v. 13, n. 7, p. 1419-1425, 2004.

TABARELLI, M.; MELO, M. D. V. C.; LIRA, O. C. Os estados da Mata Atlântica: Nordeste. In: CAMPANILI, M.; PROCH NOW, M. (Ed.). Mata Atlântica uma rede pela floresta. Brasília: RMA, 2006. p. 149-164.

TABARELLI, M.; PERES, C. A. Abiotic and vertebrate seed dispersal in the Brazilian Atlantic forest: implications for forest regeneration. Biological Conservation, Boston, v. 106, p. 165-176, 2002.

THIERS, B. [continuously updated] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. 2020. New York: New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Available in <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>.

VAN DER PIJL, L. Principles of dispersal. Berlin: Springer Verlag, 1982. 214 p.

Publicado

2021-03-04

Edição

Seção

Artigos