História da agroecologia dos centros às periferias: genealogia, disputas e transformações

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1803-5023.2024.e98317

Palavras-chave:

Agroecologia, Genealogia, Sistema-Mundo, Relações de poder

Resumo

No Brasil, muitas são as pesquisas que analisam a agroecologia em escala local. No entanto, há uma carência de estudos sociológicos que analisem os efeitos de sua adoção em um contexto geopolítico mais amplo, e complexifiquem as relações de poder presentes em torno de sua disseminação e prática. O presente artigo apresenta uma genealogia contextualizada sobre as condições de emergência e difusão da agroecologia pelo mundo, desde os anos 1930 até os dias de hoje, demonstrando que sua disseminação, dos centros às periferias (de países centrais para países periféricos; da academia para as comunidades rurais e movimentos sociais), e depois de volta aos centros (dos movimentos sociais às ONGs, políticas estatais e empresariais), implicaram em profundas ressignificações do termo. Concluímos que as transformações pelas quais o termo “agroecologia” passou e as disputas atuais sobre seu significado guardam relação com diferentes momentos históricos, atores sociais e relações de poder que revestem a dialética do saber-poder na construção do conhecimento. .

Biografia do Autor

Mariana Homem de Mello Reinach, CPDA/UFRRJ

Doutoranda

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 

Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ). 

Rio de Janeiro, Brasil

Referências

ACSELRAD, Henri, Mapeamentos, identidades e territórios. In. Acselrad, Henri. Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro: UFRJ, IPPUR, 2010.

ALTIERI, Miguel; TOLEDO, Víctor. La revolución agroecológica en Latinoamérica. Red de Bibliotecas Virtuales de CLACSO http://biblioteca.clacso.edu.ar, v. 163, 2011.

ALTIERI, Miguel. Breve reseña sobre los orígenes y evolución de la Agroecología en América Latina. Revista Agroecología, n. 10, 2015.

BENSADON, Ligia Scarpa et al. Tecendo projetos políticos: a trajetória da Articulação Nacional de Agroecologia. Reasearch Gate, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/313153657_TECENDO_PROJETOS_POLITICOS_A_TRAJETORIA_DA_ARTICULACAO_NACIONAL_DE_AGROECOLOGIA – acesso em janeiro de 2024

BERNAL, David et al. Campesino a Campesino (peasant to peasant) processes versus conventional extension: a comparative model to examine agroecological scaling. Agroecology and Sustainable Food Systems, v. 47, n. 4, p. 520-547, 2023.

COMPOSTO, Claudia.; NAVARRO, Mina. L. Claves de lectura para compreender el despojo y las lutas por bienes comunes naturales en America Latina. In: COMPOSTO, Claudia.; NAVARRO, Mina. L. Territorios em disputa. Despojo capitalista, lutas em defensa de los bienes comunes naturales y alternativas emancipatorias para America Latina. Mexico-DF: Bajo Tierra Ed., 2014.

COUTINHO, Joana A. ONGs e políticas neoliberais no Brasil. Editora UFSC, 2011.

ETC Group. ¿Quién nos alimentará? ¿La red campesina alimentaria o la cadena agroindustrial? ETC Group, 2017. Disponível em: http://www.etcgroup.org/sites/www.etcgroup.org/files/files/etc-quiennosalimentara-2017-es.pdf. Acesso em: 29/01/2024.

FÓRUM INTERNACIONAL DE AGROECOLOGIA (FIA). Centro Nyélény, 2015. Sélingué,

Mali. Disponível em: http://www.foodsovereignty.org/wpcontent/uploads/2015/10/NYELENI-2015-PORTUGUES-WEB.pdf. Acesso em janeiro de 2024.

GIRALDO, Omar Felipe; ROSSET, Peter Michael. La agroecología en una encrucijada: entre la institucionalidad y los movimientos sociales. Guaju, v. 2, n. 1, p. 14-37, 2016.

GLIESSMAN, Stephen. Agroecology: Growing the Roots of Resistance. Agroecology and Sustainable Food Systems, 37:1, 19-31, 2013

HECHT Susanna B. The evolution of agroecological thought, In: Altieri M.A. (Ed.), Agroecology: the science of sustainable agriculture, Westview Press, Boulder, CO, USA, pp. 1–19. 1995

HOFFMANN, Maria Barroso. Mapeamentos participativos e atores transnacionais: a formação de identidades políticas para além do Estado e dos grupos étnicos. In. Acselrad, Henri. Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro: UFRJ, IPPUR, 2010

JOHNSON, Allan G. Sistema-Mundo. In. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997

LUZZI, Nilsa. O debate agroecológico no Brasil: uma construção a partir de diferentes atores sociais. [Artigo] - 32º Encontro Anual Da Anpocs. Gt 41 – Transformações Sociais E Projetos Políticos Em Concorrência: Reflexões A Partir Do Rural. 2008.

MIER, Mateo et. al. Escalamiento de la agroecología: impulsores clave y casos emblemáticos. 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/333852555 – Acesso em janeiro de 2024.

NORDER, Luiz. et al. Agroecologia: Polissemia, Pluralismo e Controvérsias. Ambiente & Sociedade. São Paulo v. XIX, n. 3 n p. 1-20 n jul.-set. 2016

PERKINS, John. H. Geopolitics and the Green Revolution: wheat, genes and the cold war. New York/Oxford: Oxford University Press, 1997.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Geografia da Riqueza, Fome e Meio Ambiente: Pequena Contribuição Crítica ao Atual Modelo Agrário/Agrícola De Uso Dos Recursos Naturais. Revista internacional interdisciplinar INTERthesis 1.1, 2004

REINACH, Mariana H. M. Controvérsias sobre a Dimensão Social da Agroecologia: Uma comparação entre os discursos políticos da FAO e da Via Campesina. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2020.

REINACH, Mariana H. M. Economia verde e sociedade civil: o capitalismo inclusivo sob a égide do mercado financeiro. In: Camila Moreno. (Org.). O Brasil na retomada verde: Integrar para entregar. 1ed.Brasília: Grupo Carta de Belém, 2021.

REINACH, Mariana H. M. e FABRIN, Guilherme A. O potencial emancipatório da agroecologia em questão: Dos riscos de cooptação à construção da autonomia. AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política, v. 2, p. 76-105, 2020.

ROSSET, Peter e MARTÍNEZ-TORRES, María E. La Via Campesina y agroecología. IN. Libro abierto de la Vía Campesina, celebrando 20 años de luchas y esperanza. 2013 – Disponível em https://viacampesina.org/es/el-libro-abierto-de-la-via-campesina-celebrando-20-anos-de-luchas-y-esperanza/ - Acesso em janeiro de 2024.

ROSSET, Peter e BARBOSA, Lia Pinheiro. Territorialização da agroecologia na Via Campesina. Boletim Ecoeco, n. 39, jan/dez, 2018.

ROSSET, Peter e BARBOSA, Lia Pinheiro. Educação do campo e pedagogia camponesa agroecológica na América Larina: aportes da La Via Campesina e da CLOC. Educ. Soc. 38 (140). Jul-Sep, 2017. https://doi.org/10.1590/ES0101-73302017175593

ROY, Arundhati. O poder público na era do Império. 2004. Disponível em: http://imediata.org/lancededados/ARUNDHATIROY/arundati_detergente.html. Acesso em janeiro de 2024.

SEVILLA GUZMÁN, Eduardo. Sobre los orígenes de la agroecologia en el pensamiento marxista y libertario. La Paz, Bolívia: Plural editores, 2011

SEVILLA GUZMÁN, Eduardo. e WOODGATE, Graham. Agroecología: Fundamentos Del Pensamiento Social Agrario Y Teoría Sociológica. Revista Agroecología, n. 8, 2013

SOUZA, Marcelo Lopes de. A prisão e a ágora: reflexões em torno da democratização do planejamento e da gestão das cidades. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

VÁZQUEZ, Luís L. et. al. Políticas públicas y transición hacia la agricultura sostenible sobre bases agroecológicas en Cuba. In.: RED PP-AL, Red Políticas Públicas y Desarrollo Rural en America Latina. Políticas públicas a favor de la agroecología en América Latina y el Caribe. Brasília: PP-AL, 2017.

WEZEL, Alexander et. al. Agroecology as a science, a movement and a practice. A review. Agronomy for Sustainable Development, v. 29, n. 4, p. 503-515, 2009.

Downloads

Publicado

2025-01-06

Edição

Seção

Artigo