Clusters e sua adaptação às cadeias de valor global (CGVs)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1982-5153.2020v35n75p98Resumo
A partir de 1970, a produção fragmentou-se internacionalmente, minimizando custos, deslocando para os países de mão de obra abundante e barata as fases da produção mais trabalho-intensivas. Intensificam-se as redes globais apoiadas nos transportes, telecomunicações e tecnologia da informação. Pesquisa e desenvolvimento, design, fabricação e distribuição, remodelaram a produção em CGVs, forçando os distritos industriais (DIs)/clusters a se adaptarem, mudarem, reinvestirem ou declinarem. Assim, via revisão bibliográfica, buscou-se responder à pergunta se os DIs/clusters perderiam ou ganhariam relevância na globalização. Os distritos italianos mudaram sua especialização de bens finais para bens de capital, com um terço das empresas se transferindo para a indústria mecânica em atividades correlatas, explorando suas conexões com as CGVs, coordenando fornecedores, se reorientando para produtos de alta qualidade, aumentando investimentos em marketing e marcas. No caso brasileiro com o processo de reestruturação os DIs/clusters abandonaram as estratégias de redução de custos e passaram a inovar, aumentando a importação de bens intermediários e utilizando a terceirização e a relocalização de fábricas para o nordeste brasileiro. Os distritos italianos estão cada vez mais ligados às CGVs, enquanto os brasileiros se ligam às cadeias nacionais, e só marginalmente se conectam às CGVs em redes de governança. Assim, os DIs/clusters não perderam relevância na globalização, antes eles buscaram novas maneiras de produzir, flexibilizando, respondendo ao mercado consumidor, buscando qualidade, via tecnologia, diferenciando os produtos, utilizando a terceirização, negociando com fornecedores, fabricando lotes menores. Nesse contexto os DIs/clusters analisados sobreviveram e estão atuantes no mercado.
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