O Banco dos BRICS e sua potencial influência sobre as assimetrias do sistema monetário e financeiro internacional

Autores

  • Larissa Naves Deus Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
  • Fábio Henrique Bittes Terra Universidade Federal do ABC (UFABC).
  • Bruno Martarello De Conti Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

DOI:

https://doi.org/10.5007/2177-5230.2019v34n70p13

Resumo

Este artigo objetiva analisar os possíveis desdobramentos da criação do Banco dos BRICS - aprovada na V Cúpula dos BRICS, em março de 2013, na África do Sul e efetivada na VI Cúpula, realizada no Brasil em 2014, que o criou com o nome de Novo Banco de Desenvolvimento. Especificamente, e considerando-se a breve existência do Banco, tenta-se examinar se a criação deste Banco pode atuar no sentido de, por um lado, aumentar o poder e influência globais dos países do grupo e, por outro lado, amenizar os problemas advindos das assimetrias do sistema monetário e financeiro internacional. Para tanto, o artigo tem como base o referencial teórico de Keynes, discutindo a importância da moeda no sistema econômico, e o referencial pós-keynesiano, que trata das assimetrias existentes no sistema financeiro e monetário internacional. Salienta-se, contudo, que o Banco dos BRICS foi criado bastante recentemente e que seu funcionamento ainda não é pleno, dando a este artigo um caráter especulativo inicial, mas que contribui para pensar suas possibilidades de atuação e as consequências de sua existência.

Biografia do Autor

Larissa Naves Deus, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Doutoranda em Economia pelo Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Uberlândia(UFU).

Fábio Henrique Bittes Terra, Universidade Federal do ABC (UFABC).

Professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Bruno Martarello De Conti, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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2019-03-25

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Artigos