Recuperação de mais-valor fundiário: o solo criado em Porto Alegre

Autores

Palavras-chave:

Solo Criado, Geografia urbana, Cidade, Instrumentos urbanísticos, Porto Alegre

Resumo

Este artigo examina o uso do instrumento urbanístico solo criado em Porto Alegre (RS). Parte do princípio de que este tipo de discussão não é puramente técnico, mas também é dependente das forças sociais envolvidas e representadas na administração municipal. Metodologicamente, são apresentadas e mapeadas as aquisições de solo criado e os dados referentes à arrecadação e uso dos recursos pela administração municipal ao longo do tempo, além das alterações na legislação. Com estes dados, mostra-se que o solo criado foi deixando de ser um puro instrumento de recuperação de mais-valor fundiário e se torna também um instrumento de apoio a investimentos imobiliários.

Biografia do Autor

Mario Leal Lahorgue, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987), mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1997) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). Atualmente é professor Associado no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador do Observatório das Metrópoles, núcleo Porto Alegre. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase em Geografia Urbana e econômica, atuando principalmente nos seguintes temas: espaço urbano, planejamento urbano, desenvolvimento sócio-espacial, população/demografia e teoria e método da Geografia.

Marcelo Foschiera de Mesquita , Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Bacharel em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2024-10-21

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Artigos