“Os Encontros de Saberes”: equívocos entre índios e Estado em torno das políticas de saúde indígena na Venezuela
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8034.2009v11n1-2p265Resumo
A partir de uma reunião entre representantes dos yanomamis e do sistema de saúde oficial da Venezuela, realizada em La Esmeralda (estado do Amazonas), no ano de 2004, este artigo discute alguns aspectos críticos da relação entre o Estado venezuelano e os yanomamis dentro do campo da saúde e além. O artigo tem duas partes. Na primeira delas, considero as circunstâncias históricas e ideológicas que, dentro da era do multiculturalismo, favorecem o tipo de “encontros de saberes” dos quais essa reunião foi um exemplo. Esta parte constitui um comentário crítico sobre como as noções de cultura e identidade podem atrapalhar a análise da saúde indígena ao obscurecer a existência de redes de relações – entre Estado e comunidade, entre índios e brancos – que influenciam a determinação dos perfis sanitários das comunidades. A segunda parte do ensaio segue nos temas de cultura e identidade, mas desloca o foco para iluminar outro tipo de problema. Ao promover um diálogo intercultural, a reunião (batizada como “Encontro de Saberes”) foi um momento de interpretação e tradução recíproca entre índios e brancos. A análise do que cada um desses atores traduz do outro revela os equívocos que tão frequentemente caracterizam as relações entre índios e Estados nacionais. Essa análise se nutre da crítica de Roy Wagner (1981) à própria antropologia e da noção de ‘equívoco controlado’ discutida por Eduardo Viveiros de Castro (2004).
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