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  • Chamada de artigos para o Dossiê “Novos Debates na formação em antropologia”

    2023-03-06

    A Iha - Revista de Antropologia, anuncia chamada de artigos para o dossiê “Novos Debates na formação em antropologia” organizado por Luiz Couceiro e Amurabi Oliveira. Os artigos devem ser submetidos até 20 de abril de 2023, diretamente no site da revista. Abaixo a descrição da proposta:

    "O ensino de Antropologia tem incorporado cada vez mais novos debates, especialmente no que diz respeito aos diversos marcadores de diferença, tais como raça/cor, gênero, sexualidade, classe, religiosidade, “deficiência”/níveis de autonomia etc. Queremos dizer com isso que pensar o que a antropologia tem a oferecer em sua dimensão formativa atualmente nos remete a novos tópicos, assim como as produções elaboradas a partir de novos agentes que estão nesse campo, considerando a expansão da presença de antropólogos e antropólogas negros, indígenas, LGBTQIA+, e demais oriundos(as) de populações menos assistidas e historicamente vilipendiadas por ações do poder público, e também de grupos econômicos privados.

    Neste dossiê pretendemos agregar diferentes contribuições de profissionais que têm desenvolvido reflexões acerca da formação em Antropologia. Abrimo-nos aos mais diferentes debates, envolvendo as distintas possibilidades formativas, voltando-se tanto para a formação de antropólogos(as), quanto de profissionais de outras áreas. Assim sendo, indicamos  alguns tópicos que podem vir a ser explorados neste dossiê: a) formação em antropologia para cientistas sociais e antropólogos(as) no ensino superior; b) produção de conhecimento no Sul Global e seu impacto na formação antropológica; c) formação em antropologia na educação básica e em outros espaços formativos; d) interdisciplinaridade e antropologia; e) trajetórias formativas de antropólogos(as); f) história do ensino da antropologia no Brasil e no exterior; g) atuação de antropólogos (as) em diferentes espaços formativos; h) produção antropológica de pesquisadores (as) negros, indígenas, LGBTQIA+, com deficiência etc i) formação antropológica em diálogo com raça, classe, gênero, sexualidade e deficiência em perspectiva interseccional."

     

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  • Dossiê “Novos Debates na formação em antropologia”

    2023-02-20

    Organizadores:

    Luiz Couceiro - Universidade Federal do Maranhão

    Amurabi Oliveira - Universidade Federal de Santa Catarina

    Ao nos referimos à produção do campo da antropologia no Brasil poderiam nos vir à mente nomes dos seus pioneiros, como Arthur Ramos (1903-1949), Edgard Roquette Pinto (1884-1954), Gilberto Freyre (1900-1987), Heloisa Alberto Torres (1895-1977), ou ainda de instituições relevantes como o Museu Nacional, a Fundação Joaquim Nabuco, a Universidade de São Paulo e o Museu Emílio Goeldi. Não seria estranho pensar em obras marcantes, como Casa-Grande & Senzala (1933), As Américas e a civilização (1970), Carnaval, Malandros e Heróis (1979). Contudo, sugerimos que há tendência de não estar dentre as primeiras opções refletir sobre a prática do ensino da antropologia, posto que a rotinização do conhecimento antropológico ocorreu tanto através da pesquisa, quanto da docência (Oliveira, 2019). Notadamente o ensino reflete uma parte do que poderíamos chamar de formação antropológica, compreendendo que os diversos diálogos que esta disciplina elabora possuem uma dimensão formativa para o público que entra em contato com a produção que vem sendo acumulada. Assim, vão sendo criadas técnicas e metodologias de pesquisa ora mais, ora menos padronizadas, textos e autores referenciados como sendo clássicos, treinamentos em investigações, tendências de abordagens teóricas, em meio à trama de temáticas que ajudam a alavancar debates éticos de atuação profissional.

    Esta percepção de que a reflexão sobre o ensino é algo central e necessário para a antropologia está posta desde a fundação da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que ocorreu na 2ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) em 1955, em Salvador-Bahia. Mas apenas nos anos 2000 foi formada uma comissão de Ensino de Antropologia nesta associação, posteriormente convertida em comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. Só recentemente se observa a organização de mesas redondas e de Grupos de Trabalho na RBA voltadas para esta temática[1] (Sanabria, Duarte, 2019; Oliveira, 2021), assim como eventos específicos promovidos pela ABA, originando, nalgumas vezes, publicações de referência (Grossi, Rial, Tassinari, 2006; Tavares, Guedes, Caruso, 2010). No contexto da pandemia do COVID-19, a referida comissão promoveu, ainda, o evento virtual Aprendendo e ensinando antropologia durante a pandemia: dilemas, desafios e oportunidades (2021), que versou, justamente, sobre o ensino da antropologia no atual momento em que vivemos, marcado pelos processos de ensino e aprendizado mediados virtualmente.

                No cenário internacional, encontramos cada vez mais espaço para a discussão sobre o ensino da antropologia: a International Union of Anthropological and Ethnological Sciences  (IUAES) possui uma seção voltada para antropologia e educação, o Instituto Real de Antropologia de Londres tem publicado desde 2011 a revista Teaching Anthropology, voltada de forma específica para esta discussão e, na América Latina, vale destacar o papel central tanto do Congresso Latino Americano de Antropologia, quanto da Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), demonstrando a atualidade deste debate.

                Poderíamos destacar de forma ainda mais incisiva que o debate mais amplo sobre a dimensão formativa no Sul Global também tem ganhado destaque nos últimos anos, considerando não apenas a formação antropológica que ocorre nesse eixo, bem como o impacto do que nele é produzido no Norte Global. De forma sintética, poderíamos afirmar que não seria mais possível pensar a formação antropológica exclusivamente a partir do Norte Global, sendo necessário ampliar o escopo do debate, dentro de uma perspectiva de antropologias plurais. Assim, destacamos a necessidade de se continuar a questionar o que seja os traços nacional e estatal, no sentido debatido por Butler e Spivak (2009), como conceitos-agências não-deterministas de identificação do fazer antropológico, abordando processos e consequências de situações imperialistas na conformação desse campo de saber (De L´estoile, Neiburg, Sigaud 2002: 9-37).

                Como podemos perceber a partir do levantamento bibliográfico realizado por Sanabria e Duarte (2019) acerca do ensino de antropologia no Brasil, há produção significativa sobre o tema, porém bastante concentrada no ensino superior. Considerando os dados trazidos por Simião (2018), que aponta que a maior parte dos egressos da pós-graduação em antropologia atuam na docência, seria possível inferir que essa forte inserção profissional através do sistema de ensino reafirma a necessidade de situarmos esta discussão no centro do debate da antropologia.

                Constantemente, antropólogos(as) têm sido recorridos para o centro do debate educacional no Brasil, no âmbito do processo de redemocratização sociopolítica a partir da década de 1980. A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (lei nº 9.394/96), assim como dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) na década de 1990 lançaram luz sobre a temas relativos à diversidade cultural, o que inevitavelmente suscita reflexões desenvolvidas no campo da antropologia.

    Há de se destacar também a lei 10.639/03, que trata do ensino de história e cultura afro-brasileiras em toda a educação básica, assim como a lei 11645/08 que inclui agendas das coletividades indígenas. Em ambos os casos, compreende-se que há necessidade de se acionar o conhecimento antropológico acumulado para que se possa efetivamente implementar essas mudanças de legislação, uma vez que a antropologia tem longa tradição de pesquisa junto às populações afro-brasileiras e indígenas.

    Observa-se com esse movimento que a formação em antropologia – compreendida aqui em seu sentido amplo, tanto voltada para a formação de antropólogos quanto de não antropólogos – passa a incorporar cada vez mais novos debates, especialmente no que diz respeito aos diversos marcadores de diferença, tais como raça/cor, gênero, sexualidade, classe, religiosidade, “deficiência”/níveis de autonomia etc. Queremos dizer com isso que pensar o que a antropologia tem a oferecer em sua dimensão formativa atualmente nos remete a novos tópicos, assim como as produções elaboradas a partir de novos agentes que estão nesse campo, considerando a expansão da presença de antropólogos e antropólogas negros, indígenas, LGBTQIA+, e demais oriundos(as) de populações menos assistidas e historicamente vilipendiadas por ações do poder público, e também de grupos econômicos privados.

    Neste dossiê pretendemos agregar diferentes contribuições de profissionais que pesquisam no âmbito do campo da antropologia, e que têm desenvolvido reflexões acerca da formação no mesmo. Abrimo-nos aos mais diferentes debates, envolvendo as distintas possibilidades formativas, voltando-se tanto para a formação de antropólogos(as), quanto de profissionais de outras áreas. Assim sendo, indicamos abaixo alguns tópicos que podem vir a ser explorados neste dossiê:

     

    1. a) formação em antropologia para cientistas sociais e antropólogos(as) no ensino superior;
    2. b) produção de conhecimento no Sul Global e seu impacto na formação antropológica;
    3. c) formação em antropologia na educação básica e em outros espaços formativos;
    4. d) interdisciplinaridade e antropologia;
    5. e) trajetórias formativas de antropólogos(as);
    6. f) história do ensino da antropologia no Brasil e no exterior;
    7. g) atuação de antropólogos (as) em diferentes espaços formativos;
    8. h) produção antropológica de pesquisadores (as) negros, indígenas, LGBTQIA+, com deficiência etc
    9. i) formação antropológica em diálogo com raça, classe, gênero, sexualidade e deficiência em perspectiva interseccional;

    Os artigos para este dossiê devem ser submetidos até 20 de abril de 2023, diretamente no site da revista.

    Referências

    BUTLER, Judith; SPIVAK, Gayatri Chakravorty. 2009. Quien le canta al Estado-Nación? Lenguaje, política, pertenencia. Buenos Aires: Paidós.

    De L´ESTOILE, Benoit, NEIBURG, Federico, & SIGAUD, Lygia. 2002. “Antropologia, Impérios e Estados Nacionais. Uma abordagem comparativa”. In: Antropologia, Impérios e Estados Nacionais. Benoit de l´Estoile, Federico Neiburg e Lygia Sigaud (orgs). Rio de Janeiro: Relume-Dumará. Capítulo 1. pp. 9-37.

    GROSSI, Miriam Pillar; RIAL, Carmen; TASSINARI, Antonella (Org.). Ensino de antropologia no Brasil: Formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Florianópolis: Nova Letra, 2006.

    OLIVEIRA, Amurabi. Arthur Ramos e a rotinização da Antropologia através de seu ensino. Civitas - Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 19, n. 3, p. 659-674, 2019.

    OLIVEIRA, Amurabi. Uma análise da antropologia da educação nas Reuniões Brasileiras de Antropologia (2000-2020). Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 47, 1-15, 2021.

    SANABRIA, Guillermo; DUARTE, Luiz Fernandes Dias. O ensino de Antropologia e a formação de antropólogos no Brasil hoje: de tema primordial a campo (possível) de pesquisa (antropológica). BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, São Paulo, s/v, n. 90, p. 1-32, 2019.

    SIMIÃO, Daniel S. Introdução. In: SIMIÃO, Daniel; FELDMAN-BIANCO, Bela. (orgs.). O campo da antropologia no Brasil: retrospectiva, alcances e desafios. Rio de Janeiro: ABA, 2018. p. 9-28.

    TAVARES, Fátima, GUEDES, Simoni Lahud, CARUSO, Carlos. Experiências de ensino e prática em Antropologia no Brasil. Brasília- DF; Ícone Gráfica e Editora, 2010.

     

    [1] Nas edições de 2014, 2016 e 2018, Amurabi Oliveira coordenou o GT “Aprender e ensinar antropologia” junto à RBA, atuando ainda como debatedor na edição de 2020 deste grupo. Apesar de ainda predominar uma agenda voltada para o ensino superior, observa-se a existência de inúmeros trabalhos voltados especificamente para a educação básica.

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