Conservação da agrobiodiversidade, populações tradicionais e cientistas
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8034.2021.e67235Resumo
Este artigo visa identificar como cientistas e populações tradicionais percebem a agrobiodiversidade e a motivação que os movem para sua conservação. O foco são as pesquisas com sementes e como elas dialogam com a autonomia alimentar e agrícola dessas populações.
Para tal, utilizei dados da pesquisa de doutorado em Antropologia, sobre políticas públicas e conservação da natureza na Amazônia, realizada com pequenos agricultores e antigos seringueiros em Cruzeiro do Sul, Acre, em 2008 e 2010. Soma-se a isso, a aproximação com cientistas em eventos sobre agrobiodiversidade ocorridos na Alemanha, durante o doutorado-sanduíche na Universidade Livre de Berlim, em 2009, e depois, em Bonn, em 2104.
O referencial teórico baseia-se na noção de processos discursivos e redes complexas de atores. Como resultado, aponto que as representações sociais ligadas ao uso e à conservação da agrobiodiversidade pelos cientistas e pelas populações tradicionais envolvem diversos aspectos e relações de poder.
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